Vivemos a terceira guerra mundial. Ao contrário das duas primeiras, que a maioria dos países acompanhou superficialmente – embora milhões tenham morrido e muitos outros milhões vivido sofrimentos indescritíveis –, a atual o mundo inteiro acompanha minuto a minuto. Seja através dos meios de comunicação, seja através do sofrimento imposto a cada um dos bilhões de seres humanos atingidos por um inimigo comum e invisível.
A guerra contra o coronavírus é, sim, mundial, pois a pandemia está matando gente em quase todas as nações. E ninguém tem noção da extensão temporal desta crise. Apesar dos esforços dos cientistas de todo o mundo, pouco se sabe sobre o novo coronavírus.
Não há uma medicação segura, passados cinco meses da eclosão da doença que dirigentes obscurantistas insistiram, por algum tempo, em definir como uma “gripezinha” apenas, atrapalhando a conscientização da população de que o único remédio eficaz, até agora descoberto, é o isolamento social. É o que, até aqui, tem salvado milhões de vidas.
Outras terapias, de efeitos não comprovados, são defendidas com veemência por governantes que não se incomodam com a imagem de propagandistas de laboratórios.
Enquanto os estudos sobre a eficácia das medicações não são concluídos, o melhor mesmo é seguir a simples recomendação: fique em casa. Mas esta terapia tem efeitos sanitários positivos, não se pode deixar de reconhecer que, na outra ponta, tem consequências desastrosas.
O mundo, e não apenas o Brasil, já está vivendo uma de suas piores crises econômicas. Milhões já perderam seus empregos, e, numa segunda etapa, outros milhões perderão os seus. Mais grave: muitos desses empregos não voltarão a ser ofertados.
O mundo, senhores, não será o mesmo depois desta crise. Vamos ter que nos adaptar a uma nova realidade que, evidentemente, não surgirá de imediato, mas que será inexorável.
Precisamos começar a nos preparar para isto de uma forma planejada, responsável. E a primeira etapa desta preparação é o respeito à vida. Respeito que, até que se prove o contrário, passa pelo cumprimento das regras estabelecidas mundialmente.
O Brasil não pode confrontar a ciência. Não temos competência para tal. Procure ficar vivo. Aos nossos governantes recomendam-se menos voluntarismo e mais racionalismo.
Quando falamos em governantes, não falamos apenas dos que têm a responsabilidade de gerir a União. A responsabilidade de preservar vidas é de todos os níveis de poder, de todos os Poderes. Não se pode transferir responsabilidades.
É nas crises, nas grandes encruzilhadas diante da sociedade, que surgem os líderes. Líderes, ao contrário do que muitos pensam, não são os ídolos, mitos de pés de barro.
Líderes são os que não fogem de suas responsabilidades, que têm compromissos com o futuro, não com as próximas eleições.
Nesta hora, é preciso não esquecer a lição do grande Ulysses Guimarães: “A história nos desafia para grandes serviços, nos consagrará se os fizermos, nos repudiará se desertarmos”.