Paulo César de Oliveira

O perigo está rondando

A polêmica do voto impresso


Publicado em 27 de julho de 2021 | 03:00
 
 
 
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O ministro da Defesa, general Braga Neto – que dizem ser mineiro, mas que há muitos anos não frequenta Minas nem convive aqui –, mandou um recado dizendo que, se não for com voto impresso, não haverá eleição. Claro que foi de comum acordo com seu chefe maior.

Ou quis agradar-lhe?

Se não foi com o consentimento do chefe, deveria ter sido demitido sumariamente, lembrando que às Forças Armadas cabe a defesa da Constituição, não a sua modificação ao bel-prazer do mandatário de plantão e de seus asseclas.

A reação a essa declaração intempestiva, despropositada e golpista foi imediata dos outros Poderes constituídos e de muitos líderes políticos, entre eles o próprio vice-presidente, general Mourão.

Ele foi incisivo na defesa das eleições, contradisse seu colega de farda, assegurando a realização das eleições com qualquer processo eleitoral.

Esta história de que o voto eletrônico é fraudável passou a ser um mantra do presidente, seja visando articular um golpe, seja para justificar uma derrota nas urnas. Implantado há 25 anos quando o ministro mineiro Carlos Mário Velloso era presidente do TSE, o sistema de votação eletrônica, pioneiro no mundo, é resultado do trabalho de uma ampla equipe, na qual atuaram técnicos de competência incontestável e até mesmo técnicos das Forças Armadas.

Com o voto impresso, sim, havia muitas maneiras de fraudes, até com as famosas “marmitas” no interior e a compra de votos. Com o voto eletrônico, isso acabou.

Bolsonaro mantém ainda seus 20% de votos, mas fala tanta bobagem que seu prestígio eleitoral vai baixando, anulando as coisas boas que seu governo vem fazendo com o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e também na área da Agricultura.

Bolsonaro com esse discurso, tenta mobilizar seus seguidores, com receio de uma eleição que, até aqui, se mostra polarizada com o ex-presidente Lula, que algumas pesquisas apontam como vencedor ainda no primeiro turno. Para sustentar esse discurso e inflamar os seguidores fanáticos, o presidente prometeu apresentar nesta semana provas irrefutáveis de que o sistema eletrônico é fraudável. Coisa que ninguém acredita.

Bolsonaro arma jogada de alto risco. Se convencer, sobrevive. Caso contrário, se enterra de vez. Junto com seu governo. Enquanto isso, as forças políticas mais sensatas, sem radicalismos, caminham para a construção de uma terceira via para as eleições. É preciso bom senso e altruísmo.

O Brasil está merecendo um governo que seja de união e que acabe com o desemprego crescente diante da pandemia que machucou o mundo.

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