A divulgação da primeira pesquisa Ibope para a Presidência da República mostra a consolidação do deputado federal Jair Bolsonaro como o segundo nome preferido do público. Essa pesquisa também confirma uma impressão que é comum sobre Bolsonaro: seu eleitorado é predominantemente masculino e jovem. Agora é possível ter um perfil mais nítido do pelotão de apoiadores anônimos que transformou Bolsonaro num fenômeno da internet.
Porém, por mais que o caminho de Bolsonaro tenha sido surpreendente até agora, essa plataforma dificilmente poderá levá-lo ao poder. Será preciso conquistar outros grupos da sociedade além dos homens jovens, o que não acontecerá automaticamente, já que se trata de grupos que não fazem o mesmo uso da internet que o militante bolsonarista típico. Há muitos grupos, na verdade, que nem sequer acessam o mundo virtual e que não tomarão conhecimento do candidato fluminense te esse permanecer concentrado nos meios de divulgação usados até hoje.
É preciso, portanto, que Bolsonaro se lance pelos caminhos da política tradicional, estabelecendo parcerias, se quiser sucesso. Porém, alianças com boa parte dos políticos atuais podem comprometer o elemento de “inovação” que Bolsonaro traz hoje como um de seus maiores trunfos: nesse caso, não apenas ele diminuiria sua aceitação por novos grupos sociais, como também arriscaria deserções entre seus seguidores atuais.
Uma saída possível consistiria na formação de uma plataforma nacional de candidatos que, como o próprio Bolsonaro, apareceriam como novidades. Essa estratégia, inclusive, permitiria que a imagem de Bolsonaro fosse suavizada, à medida que candidatos locais de perfil moderado divulgassem seu nome por todo o Brasil.
Essa estratégia, por promissora que pareça, esbarra em alguns obstáculos. Por exemplo, o potencial de Bolsonaro para construir alianças é reduzido, uma vez que sua carreira parlamentar foi moldada em torno de seu protagonismo pessoal. É fato que se identificam esforços do pré-candidato para buscar aliados com os quais tenha alguma semelhança, como na reunião recente que teve com o prefeito de Belo Horizonte. Porém, Bolsonaro larga com bastante atraso em relação a seus potenciais rivais.
No mesmo sentido, Bolsonaro pode ter que lidar com o receio que muitos pré-candidatos regionais tenham quanto a seu nome. O passado de posições extremistas gerou uma rejeição considerável em relação a sua imagem: uma situação que pode ser amenizada no decorrer da campanha, mas que nem por isso deixa de significar um risco por quem pensa em se juntar à plataforma nacional de Bolsonaro.
A união ideal, que reuniria Jair Bolsonaro e aliados regionais, seria aquela na qual os riscos seriam tão partilhados quanto as potencialidades: por exemplo, com lideranças que já tenham imagem consolidada junto ao público, a ponto de não serem percebidas como meras repetidoras das opiniões de Bolsonaro. Ao mesmo tempo, esse hipotético aliado ideal também deve ter diante de si o desafio de expandir sua imagem entre grupos sociais que hoje o desconhecem, de forma que a campanha nacional bolsonarista pode oferecer esse tipo de exposição.
Tendo como meta essa aliança ideal, é provável que um grande número de personagens com essas características não milite ainda na política. Assim, a tarefa de Bolsonaro para se tornar um candidato viável nacionalmente pode envolver, efetivamente, a atração de toda uma nova geração de lideranças para a política eleitoral.
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Política para além da internet: Bolsonaro precisa de mais amigos
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