Entrevista com Carlos Melles
Hoje, com a palavra, a experiência e o trabalho de Carlos Melles, diretor-presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que, em 2022, completa meio século de fundamental existência. Se depender do otimista Carlos Melles, a economia está vacinada e pronta para a retomada. Principalmente porque a vacina vem do motor do Brasil, as pequenas e médias empresas.
Para o leigo, rapidamente, o que é o Sebrae?
A instituição está em todo o território nacional, ofertando aos micro e pequenos empreendedores e potenciais empresários toda a orientação e suporte necessários para o sucesso na atividade empresarial.
Como vão as Micro e Pequenas Empresas (MPEs) no Brasil?
Os pequenos negócios sofreram bastante com a pandemia. A boa notícia é que o avanço da vacinação está contribuindo para uma gradual e consistente melhora dos indicadores, em praticamente todos os setores de atividade.
Elas são mesmo o motor invisível do país na pandemia?
Sim, os pequenos negócios são cruciais para a economia. Basta dizer que as MPEs representam mais de 99% de todas as empresas do país e – mesmo com toda a crise causada pela pandemia – continuaram sendo as maiores responsáveis pela manutenção do emprego.
Na mesma pandemia, esse “motor” foi avariado?
O impacto foi muito grande. Todavia, temos muita confiança na capacidade de resiliência das micro e pequenas empresas.
O que o Sebrae fez e faz em favor desse segmento?
Atua em duas frentes: por um lado, oferecemos cursos e consultorias para contribuir com a melhoria da gestão dos pequenos negócios; de outro, atuamos junto ao Congresso e aos governos pela melhoria do ambiente de negócios, com o aprimoramento das políticas públicas.
Os outros nomes desse tema são geração de emprego e renda das pequenas empresas. Quais os números?
De acordo com levantamento feito pelo Sebrae, os pequenos negócios, nos últimos 12 meses, apresentaram saldo positivo de 2 milhões de vagas, o que significa 71,8% dos empregos formais criados no país.
Essas empresas estavam prontas para os desafios da inovação e da digitalização?
A pandemia impôs aos pequenos empresários a necessidade de inovarem e digitalizarem seus modelos de negócios. Podemos dizer que tivemos uma evolução significativa nesse período. Hoje, sete em cada dez pequenos empreendedores fazem negócios usando a internet e as redes sociais.
A elas falta acesso a crédito?
O acesso ao crédito melhorou substancialmente, principalmente após a criação do Pronampe. Mas há, ainda, grande número de pequenos negócios que não conseguem obter empréstimos e que carecem de melhores políticas públicas.
Otimista para 2022?
O empreendedor é, por natureza, um otimista. E o Sebrae não é diferente. Confiamos na campanha de vacinação, que trará de volta a tranquilidade necessária para retomarmos o crescimento.