Entrevista com Carlos Eduardo Leão
Carlos Eduardo Leão confessa ser “médico e apenas isso”. Modéstia! Ele é cirurgião plástico; Inimigo Número 1 das queimaduras e da modinha que afirma “é dos carecas que elas gostam mais”. Leão é 100% a favor da juba nos homens. Mas tem mais. Nunca cantem que ele é um bom camarada e muito menos, um bom companheiro. Mas, um ótimo amigo, ninguém pode negar. Não contente, ainda escreve crônicas deliciosas provando que, no mínimo, pertence a uma geração que estudou, leu, aprendeu e ensina. Ele pode até, segundo a tradição, ter “letra de médico”, mas também sabe usar, como poucos, as teclas de um computador e de uma urna eletrônica, auditável!
Carlos, quando Drummond nasceu, “um anjo torto desses, que vivem na sombra, disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida”. O mesmo anjo safado disse a mesma coisa pra você?
Acho que, pra mim, esse mesmo anjo saiu da sombra e deu uma desentortada. Eu ouvi claramente: “Vai Carlos! Ser droite na vida!”.
Você continua “ácido, sem perder a boa educação”?
Escrever é um pendor e estilo literário, uma opção. Sou mais afeito à ironia fina, ao humor bem dosado com aquele indefectível sarcasmo, em algumas entrelinhas, que dá certa acidez ao molho das letras. Policio-me o tempo todo para manter a boa educação, mesmo quando os personagens não a merecem.
Escrevendo mais que nunca?
Eu sou cronista. A crônica é um texto híbrido escrito em primeira pessoa, portanto sujeito às mais diversas críticas de quem a lê. Há uma aprazível interação entre o escritor/leitor que torna o texto extremamente interessante porque conta o cotidiano e as suas variadas repercussões nas pessoas. Desde “aquela facada” tornei-me um “cronista político”. Aquele milagre em Juiz de Fora mexeu com o meu espírito e ascendeu uma chama de patriotismo que estava desanimada em meu coração e minha mente. Sou totalmente dependente do “insight” também conhecido como inspiração o que determina o “mais que nunca” a que você se refere. Normalmente escrevo uma vez por semana e não passo de 570 palavras por texto.
Teu primeiro livro, “Crônicas e Agudas”, já tem 12 anos. Ainda é o único? Vai lançar outro?
“Crônicas e Agudas” é uma espécie de “livro atemporal” porque descrevo o cotidiano sob minha ótica que, até agora, não mudou muito em relação aos fatos lá descritos. Nesse livro não há política e, por essa máxima razão, é mais agradável, mais leve e mais gostoso de ler. Ainda é filho único. Conta a lenda que o homem pra ser realizado tem que casar, ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Tudo isso já fiz, mas, pelos incentivos e o andar da carruagem, certamente publicarei meus textos políticos que narram, despretensiosamente, o momento político da era Bolsonaro.
Em “Crônicas e Agudas”, você faz a anatomia dos “Enochatos”. Eles evoluíram ou apenas trocaram o vinho pelo gim?
Os chatos, de uma maneira geral, são uma entidade em ascensão no mundo. Cada vez mais se aperfeiçoam na chatice amparada no nefasto “politicamente correto” que os tornam imbatíveis em qualquer galáxia que escolham para viver. Os “Enochatos”, portanto evoluíram exponencialmente nestes 12 anos. Estão mais pernósticos e pedantes do que nunca!
Dizem as más línguas que, antes da pandemia, você era alérgico à natureza. Que, em vez de “voltar às raízes, prefere voltar ao hotel” e que “ar livre é aquilo por onde se passa quando saímos de casa para tomar um táxi”. Verdade?
Não é bem assim. A natureza é algo divino. Na verdade, não sou nem um pouco chegado aos ambientes rurais. Uma fazenda longínqua, estradinha de terra, mugidos de curral, cantos de galo, algazarra de grilos, muriçocas a partir das cinco da tarde, aquele silêncio ensurdecedor, me matam em 48 horas. Pelo sim pelo não, quando vou prefiro levar um Prozac para garantir. Meu espírito é urbano! As buzinas, as algazarras humanas, os shoppings, os engarrafamentos são muito mais minha praia. Lógico que há fazendas e fazendas. As mais contemporâneas, com as sedes afastadas do ambiente deprê, boas companhias, bons papos e um bom whisky é tudo de bom.
Alguma viagem internacional desde a Covid-19?
Eu tive Covid em janeiro de 2021 e estou, portanto, naturalmente imunizado para a cepa que me pegou e deu origem às controvertidas vacinas. Por essa razão não tomei nem tomarei vacina. Enquanto houver restrições aos não vacinados estarei impossibilitado de viajar. Esse fato em nada me incomoda. Quando voltarmos ao status de normalidade, Paris será meu primeiro destino pós-pandemia. Tô com saudade do Chez André, Le Procope e La Avenue.
Em 2010, você chamou o Bush de Zé Mané. Como chamaria o Biden?
Zé Gagá. Acho que é perfeito para um pretenso líder insosso, mal arrumado, desacreditado, antipático e impopular. Os EUA não mereciam essa fraude que levou a demência senil esquerdista à Casa Branca.
Continua “noveleiro convicto” ou contraiu doença menos nociva?
Hoje sou um antinoveleiro convicto. A decadência jornalística da Globo, até então perfeita na arte, foi determinante no que me tornei hoje. A Globo tenta fazer a cabeça do brasileiro com conceitos nada ortodoxos, nada conservadores. Tornou-se um perigo para a instituição família com ideias desestruturantes, levianas e nocivas no tocante às boas práticas da convivência. Contraí sim uma doença menos nociva. Assisto Jovem Pan, futebol e Netflix.
E o estrangeirismo na língua portuguesa? Ainda anda bem dosado ou tomou posse dela? Não acha meio exagerado o “save the date”, “workshop”, “stylist”, “online”, “live”, “CEO”, “hub”, entre mil outros e diários “stakeholders”?
Está sim extrapolando o razoável, muito embora ache que o estrangeirismo confere certo charme à nossa última flor do Lácio. Mas não é um infortúnio apenas do Brasil. É um fenômeno mundial que mostra a ascensão do inglês na comunicação do mundo.
Cirurgia plástica sempre vai rimar com artes plásticas?
Cirurgia plástica é uma especialidade milenar comprometida com a função e a forma em sua plenitude. Tem muita arte nos nossos procedimentos e, talvez por isso, o cirurgião plástico seja mais admirador das artes plásticas, tanto escultórica quanto pictórica. Pessoalmente, sou fã contumaz da arte, principalmente arte contemporânea que compõe a maior parte da minha coleção. Acho, porém, muito pretensiosa e até mesmo cafona a conhecida expressão que reputa o cirurgião plástico como um escultor da matéria viva. Somos médicos. Apenas isso. Portanto, há controvérsias em relação à rima cirurgia plástica/artes plásticas.
Chega de 2010! Como vai teu 2022?
Como todo brasileiro, aclimatado à política, estou apreensivo. Sou conservador, portanto alinhado à direita e apoiador do PR Bolsonaro e do que ele representa. Fico cada vez mais impressionado com o que está sendo feito no país para derrubá-lo a qualquer custo e de qualquer maneira. Vivemos um momento histórico e decisivo entre o Bem e o Mal. Penso que somente a fraude tira a reeleição do PR, mas penso também que ela, a fraude, é completamente possível pelo que tenho assistido atônito e completamente abalado pela sordidez da esquerda brasileira.
O que espera do Brasil em 2023?
Espero que Bolsonaro continue sendo agredido, atacado e humilhado diariamente em 2023 e nos três anos subsequentes de seu novo mandato. É isso que o move, que o estimula e que o faz cada vez mais forte no seu sonho de desenvolvimento e liberdade para o povo brasileiro.