PAULO PAIVA

O silêncio de Minas

Pelo que se ouve e se lê na mídia e nas redes sociais, Minas não vive emoções pré-eleitorais


Publicado em 12 de novembro de 2021 | 04:00
 
 
 
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Em viagem para participar da COP26 em Glasgow e de eventos promocionais em Dubai e Londres, Romeu Zema (Novo) entregou o governo do Estado para Paulo Brant (PSDB), vice-governador. Na sua ausência, podemos esperar dias de tranquilidade e paz na política mineira, pois seu vice, íntegro, competente e muito habilidoso no trato com as pessoas, lhe é fiel. Minas está em boas mãos tucanas.

Aliás, pelo que se ouve e se lê na mídia e nas redes sociais, Minas não vive emoções pré-eleitorais. Não se veem movimentações relevantes em relação aos arranjos preparatórios de candidaturas aos governos do Estado e do país. As disputas eleitorais ainda não mobilizam os interesses da sociedade. Quem andar por Minas pensará que não haverá eleição no próximo ano. Lembro-me de Hélio Garcia falando que “campanha eleitoral somente após a parada”, referindo-se ao dia 7 de setembro.

Política em Minas é diferente. O silêncio muitas vezes diz mais do que palavras, e palavras podem ter sentido diferente de seus próprios significados. Por exemplo, “jamais” pode significar “sim”, e “sim”, talvez “não”. Nada é definitivo. O tempo pode ser o senhor da razão, ou não. Nem sempre quem chega cedo bebe água limpa. E não há garantia para que os últimos se tornem os primeiros. Minas guarda seus segredos.

Na perspectiva estadual, até agora há apenas um candidato a governador, o atual ocupante do cargo. Zema já declarou que vai disputar a reeleição e tem percorrido o Estado com esse objetivo. No interior seria imbatível. O prefeito de BH, Alexandre Kalil, com base na sua popularidade na capital, ensaiou sua candidatura, mas, com os ataques que vem sofrendo, recolheu-se. PSDB e PT, que já governaram o Estado, sofrerão fortes rejeições nas eleições majoritárias. Assim, preferem focar a ampliação das bancadas de deputados federais com vistas a maior quinhão do rico Fundo Partidário.

Na perspectiva nacional, o objetivo dos candidatos à Presidência é a organização de seus palanques regionais. Minas, segundo colégio eleitoral do país, é a joia da coroa. Lula gostaria que o PT apoiasse Kalil e concentrasse seus esforços na eleição parlamentar, mas Kassab (PSD) quer reservar o palanque de Kalil para sustentar a candidatura de Rodrigo Pacheco à Presidência ou para algum acordo que vier a fazer à frente.

Bolsonaro não tem base partidária no Estado. Espera que Zema venha cair nos seus braços, pois dividem o mesmo eleitorado e não disputam o mesmo cargo. O PSDB talvez se alie ao governador, mantendo a vaga de vice. Não pode passar despercebido o apoio que o PSDB mineiro tem dado ao governo Zema e aos projetos de Bolsonaro na Câmara. Os votos tucanos na PEC dos Precatórios podem significar muito. É bom lembrar a máxima de que em política não se faz ato inútil.

Enfim, antes da parada, muitas águas rolarão pela cachoeira abaixo, quebrando o silêncio de Minas.

 

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