Imediatamente antes da pandemia, aproveitando as condições favoráveis do mercado, a economia global estava em expansão sincronizada. Havia otimismo mundo afora.
A pandemia no início do ano passado atingiu quase que simultaneamente todos os países e suas economias entraram em colapso em virtude da ruptura nas cadeias globais de suprimento, da queda do comércio internacional e das medidas, em diferentes intensidades, de restrições à mobilidade.
A retomada das economias, a partir do segundo semestre de 2020, se deu na medida em que se ampliaram os programas de vacinação, reduziu-se a velocidade de contaminação e de mortes e os países adotaram medidas fiscais e monetárias para estimular o crescimento. O FMI, no entanto, mostra que a recuperação não está sendo simétrica. Para 2022, projeta crescimento de 4,5% para as economias avançadas, recuperando seus níveis pré-pandemia, enquanto estima expansão de 5,1% para as economias emergentes, de 3,8%, para a África Subsaariana, e de 3,0%, para a América Latina. A retomada está sendo desigual entre regiões e países.
O FMI aponta também incertezas e vulnerabilidades no futuro próximo. No âmbito sanitário, o avanço da variante delta e a possibilidade de outras mutações são ameaças à recuperação. Urge um esforço de cooperação internacional para ampliar a vacinação em todos os países, principalmente nos mais pobres. Somente com toda a população mundial imunizada a pandemia poderá ser superada.
No âmbito econômico, os desafios não são menores. O restabelecimento dos fluxos das cadeias globais de suprimentos é condição essencial para a sustentabilidade do crescimento. Ademais, os países precisam gerir suas políticas monetária e fiscal no estreito espaço da combinação de estímulos ao crescimento com estabilidade monetária e equilíbrio fiscal, principalmente os países emergentes. Nestes países, somente a confiança do mercado em programas plurianuais críveis poderá criar ambiente para retomar o crescimento.
O Brasil é um caso preocupante. Seu crescimento em 2022 deverá ser de apenas 1,5%, superando apenas Venezuela e Haiti na região da América Latina – um dos mais baixos do planeta. Medido em dólares, o PIB caiu para a 13ª posição no ranking mundial. O desemprego é alto. A inflação, principalmente de preços de alimentos e de energia, corrói mais que proporcionalmente o poder aquisitivo dos salários mais baixos. Em período pré-eleitoral, as pressões para ampliar os gastos não respeitam o limite do teto constitucional de gastos. Resta ao Banco Central solitariamente tentar segurar a escalada de preços. Pior ainda, com política econômica errática e o presidente em campanha, o país não tem rumo.
A tempestade está se formando sobre o Brasil e os ventos que vêm do exterior não chegarão para dissipá-la.