Quantas vezes você se deparou com algum amigo, parente ou conhecido, que “sabe tudo sobre automóvel”? Aposto que não devem ter sido poucas. Isso não é difícil de acontecer, o brasileiro é mesmo fanático por carros, e o que não falta na praça são os “entendidos”. Mas nem tudo que reluz é ouro, como diz o titulo desta e da próxima coluna, onde vamos tentar destrinchar os mitos e as verdades sobre os conceitos automotivos. Afinal, muitos deles são absurdos ou equivocados e às vezes se transformam em “verdades absolutas”.
A velocidade da evolução tecnológica dos veículos muitas vezes não é seguida pela velocidade da informação. Isso contribui para que algumas ideias, que nem sempre correspondem à verdade, atravessem gerações. Certos conceitos sobre mecânica automotiva que povoam o imaginário coletivo, no final das contas, podem se traduzir mesmo em verdades ou em delírios obsoletos. É o caso de recomendações como as que apontam que a primeira marcha serve, apenas, para sair com o carro ou que o rádio ligado em carro desligado acaba com a vida útil da bateria, entre outros. Muitos motoristas dão crédito a essas “pérolas”.
Foi-se o tempo em que deixar o rádio ligado era sinal de problema; não é de hoje que um som automotivo comum não é suficiente para criar tão extremo desgaste – mesmo aqueles com excesso de displays e luzes que puxam mais energia. Já a prática – bastante comum entre os fanáticos por economia – de andar nas marchas mais altas mesmo em baixa velocidade, por exemplo, não favorece expressivamente a economia de combustível. O que determina redução no consumo é o tipo de condução. Basta, por exemplo, o motorista ser afoito e cutucar demais o acelerador em excessivas retomadas de velocidade que vai gastar mais combustível.
A questão torna-se ainda mais problemática quando considera-se que algumas dessas dicas vêm de frentistas e até de experientes mecânicos de algumas oficinas. Ser um povo apaixonado por carros não credencia conhecimento em mecânica. Uma orientação muito popular entre os mecânicos é a que garante que o uso contínuo do freio motor economiza as pastilhas dos freios. Esse raciocínio, além de superado, é dispendioso.
Até mesmo em situações comprovadas pelas montadoras, existe questionamento popular. Como é o caso da teoria de que carros com cores escuras atraem mais calor e gasta mais combustível. Na verdade, a cor escura reflete menos luz e absorve mais calor. Por isso, o carro fica mesmo um pouco mais quente por dentro, e o ar-condicionado “rouba” mais potência do motor para equilibrar a temperatura interna. Em um passado recente, a Fiat, hoje FCA, expôs duas unidades de um mesmo modelo, pintadas nas cores branca e preta, ao sol entre 10h e 14h. E constatou que o carro preto ficou com o interior cerca de 8°C mais quente do que o branco.
Outra muito comum, mesmo depois de mais de uma década de lançados os carros com tecnologia flexfuel, diz respeito à alternância no uso de etanol e gasolina. Na verdade um intervalo de 30 segundos já é suficiente para que o motor flexfuel reconheça o combustível – ou sua mistura. Portanto, de acordo com os fabricantes, não é necessário alternar os combustíveis. Dirigir de vidros abertos só gera maior gasto de gasolina quando se está na estrada pelo menos a 80 km/h, graças ao arrasto aerodinâmico nos vãos da janela. Andar com o tanque na reserva apenas eventualmente não causa danos ao motor. Em caso de grande frequência, porém, as impurezas depositadas no fundo do tanque podem chegar aos bicos injetores, causando entupimentos.
Para terminar a primeira parte de nosso assunto destas duas semanas e ainda dentro desta vertente de carros flex, uma questão que suscita dúvida reside no fato de deixar o veículo parado por mais de uma semana. Uma corrente acredita que poderá ocasionar a separação da água do combustível e, consequentemente, causar danos ao motor. Em teoria, esse efeito só ocorreria em temperaturas muito abaixo de -10°C, nada comuns em território nacional. No Brasil, para isso acontecer, só se o carro estiver abastecido com combustível adulterado. Encerramos na semana que vem. Até lá!
Clique e participe do nosso canal no WhatsApp
Participe do canal de O TEMPO no WhatsApp e receba as notícias do dia direto no seu celular
O portal O Tempo, utiliza cookies para armazenar ou recolher informações no seu navegador. A informação normalmente não o identifica diretamente, mas pode dar-lhe uma experiência web mais personalizada. Uma vez que respeitamos o seu direito à privacidade, pode optar por não permitir alguns tipos de cookies. Para mais informações, revise nossa Política de Cookies.
Cookies operacionais/técnicos: São usados para tornar a navegação no site possível, são essenciais e possibilitam a oferta de funcionalidades básicas.
Eles ajudam a registrar como as pessoas usam o nosso site, para que possamos melhorá-lo no futuro. Por exemplo, eles nos dizem quais são as páginas mais populares e como as pessoas navegam pelo nosso site. Usamos cookies analíticos próprios e também do Google Analytics para coletar dados agregados sobre o uso do site.
Os cookies comportamentais e de marketing ajudam a entender seus interesses baseados em como você navega em nosso site. Esses cookies podem ser ativados tanto no nosso website quanto nas plataformas dos nossos parceiros de publicidade, como Facebook, Google e LinkedIn.
Olá leitor, o portal O Tempo utiliza cookies para otimizar e aprimorar sua navegação no site. Todos os cookies, exceto os estritamente necessários, necessitam de seu consentimento para serem executados. Para saber mais acesse a nossa Política de Privacidade.