A baderna

A baderna é grande: panelaço a favor, panelaço contra, cidades fechando tudo, outras não, uma parte da população quer ficar em casa, outra quer sair para trabalhar, políticos de oposição ao governo federal criticam a postura do presidente Jair Bolsonaro, que continua defendendo a tese de que o isolamento total vai trazer consequências mais graves do que as do próprio vírus etc.

Nesta semana, o presidente falou em rede nacional em tom mais sereno, mas na manhã do dia seguinte replicou em suas redes sociais um vídeo fake gravado por uma pessoa numa área deserta da CeasaMinas, na região metropolitana de BH, culpando os governadores da ausência de mercadorias devido às restrições no deslocamento dos caminhoneiros. 

Em tempos de pandemia do novo coronavírus (Covid-19), já não se sabe quem é desmentido pelos fatos mais rapidamente – se o presidente Bolsonaro ou o ministro da Economia, Paulo Guedes. Este último, após uma semana de isolamento em seu apartamento no Rio de Janeiro, depois que alguns integrantes do ministério testaram positivo para a Covid-19, voltou a Brasília, na última segunda-feira, e vem repetindo a escalada de medidas adotadas pelo governo. Elas ganharam outro patamar depois que as previsões do ministro da Saúde, Henrique Mandetta, antes ignoradas pelo presidente e não levadas a fundo pela Economia, foram se confirmando em todo o mundo e no Brasil, obrigando os governos a tomar medidas de emergência que encontram entraves burocráticos e operacionais para chegarem a valer.

Ao falar da ajuda de R$ 600 mensais aos mais pobres, Guedes dizia: “Liberamos R$ 600 pelo Bolsa Família”, embora não se saiba ainda a data da primeira liberação para quem já tiver cadastro nesse benefício. Também não foi iniciado o cruzamento de dados de todos os cadastros disponíveis, inclusive o da Justiça Eleitoral, para encontrar os mais de 45 milhões de brasileiros que “se viram nos 30” e ganham a vida como ambulantes e informais. A semana acabou, e a população não sabe quando poderá sacar o dinheiro.