Gastronomia

James Beard Awards 2015

Redação O Tempo

Por Renato Quintino
Publicado em 18 de abril de 2015 | 03:00
 
 
 
normal

Grammy, Emmy, Tony, Globo de Ouro, Pulitzer, Oscar... A cultura norte-americana adora rankings e prêmios. Na gastronomia, não poderia ser diferente. No próximo dia 4 de maio, serão divulgados, em noite de gala no teatro de Ópera Lírica de Chicago, os vencedores do prestigiado James Beard Awards 2015.

A fundação James Beard premia todas as categorias envolvidas no negócio de restaurantes, chefs, restaurateurs, pastry chefs e serviço à concepção da carta de vinhos, cervejas e bar. Numa terra focada em mídia, business e show business, o prêmio tem muita repercussão e eleva o patamar do chef na visão do mercado.

São muitos os candidatos a cada categoria – dado as dimensões do país, com cerca de 20 profissionais concorrendo a melhor chef do ano –, em especialidades como outstanding e novo chef, para cada região, abrangendo, separadamente, nordeste, noroeste, sul, sudeste, sudoeste, oeste e meio-oeste.

Novidades

Nova York, como sempre, é a cidade que se destaca no ranking da premiação com uma categoria própria de “melhor chef da cidade”. É um reconhecimento à qualidade, à diversidade e ao profissionalismo de sua cena gourmet, que ainda tem duas ótimas casas concorrendo ao melhor novo restaurante dos Estados Unidos de 2015: o Cosme e o Bâtard.

O Cosme é a primeira empreitada de Enrique Olvera, o maior nome da cozinha mexicana (dono do Pujol) em Nova York. Situado na rua 21 East, entre a Union Square e a 5ª Avenida, Olvera não escondeu a satisfação e a surpresa com a indicação, devido à improbabilidade de um restaurante de cozinha mexicana disputar o prêmio.

Seu mérito está em fazer uma leitura própria de sabores e ingredientes de seu país, conseguindo uma cozinha original, com a presença da pimenta na medida certa, e evitando clichês como o “vai uma Margarita aí?” e ênfase no manjado (embora delicioso) guacamole.

A casa é cara mas vale o que custa, assim como o Bâtard, do chef Markus Glocker, em Tribeca, aberto no lugar em que até meados dos anos 90 funcionou o lendário Montrachet.
O nome do restaurante cita o anterior, uma vez que Bâtard fica em Montrachet (nome de um dos melhores vinhos brancos do mundo), em Borgonha, França.

Mas a homenagem está apenas no nome, no endereço e na carta de vinhos centrada na Borgonha. No restante, a atmosfera geral é outra. O conceito de sofisticação mudou. Nada de toalha de mesa, ambiente silencioso e formal. No Bâtard (como no Cosme), a luz é indireta, a música alta os clientes excitados falam igualmente alto e não há nem mesmo jogo americano; o prato é colocado sobre a mesa com os talheres dentro do guardanapo, que parece um pano de prato dobrado.

Num momento em que até mesmo Alain Ducasse descontraiu o seu restaurante no Plaza Athénée, de Paris, e reforma agora o célebre Louis XV, de Mônaco, para tirar o ar de avó – termo usado pelo próprio –, as indicações dos Cosme e Bâtard ao James Beard Award mostram o quanto um restaurante tem que, além de ter ótima comida, estar sintonizado com o seu tempo.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!