Percorro de memória tempos presentes e passados (alguns muito antigos), e parece que em todo tipo de organização social “diferentes” são ou foram perseguidos. O “diferente” pode ser entendido como alguém de outro meio social ou quem tem comportamento distinto do de outros, considerados “normais”, ou os que foram subjugados por guerras ou dívidas.
Na África, tribos ou clãs escravizaram-se entre si. Na Grécia e em Roma, eram escravizados os devedores, geralmente aqueles que por conta do uso da terra de outrem não conseguiam pagar as dívidas que contraíam. Aliás, na origem do direito escrito, os devedores foram o motivo principal para a substituição da origem divina das regras de mando pelo conhecimento prévio e por escrito do comportamento a ser adotado por todos (ou quase todos, não é, ministro Gilmar Mendes?!...).
Diante do drama dos refugiados na Europa e agora mercê do palpite inescrupuloso de Romero Jucá contra venezuelanos, penso em povos que são excluídos. No ano passado, havia pensado em estudar o drama dos muçulmanos, a começar pelo clássico de Edward Said, “Orientalismo”. Agora, decidi dar uma guinada e ver mais de perto os problemas no Brasil e na América Latina. Estou quase certa de que precisamos conhecer mais a história dos nossos “hermanos” do Cone Sul e até mesmo dos Estados Unidos.
Quanto à escravidão nesse país, veio pousar em minhas mãos – e olhos ávidos por ler – o recente Prêmio Pulitzer de Colson Whitehead, “The Underground Railroad” (“Caminhos para a Liberdade”), já traduzido para o português e editado pela Casa dos Livros. Eletrizante: “E então vinham sempre: o grito do feitor, o chamado para trabalhar, a sombra do senhor, o lembrete de que ela é um ser humano apenas por um minúsculo momento numa eternidade de servidão”.
Sobre índios, estou acompanhando a saga deles por meio dos ensaios da Unisinos sobre a Funai e as escaramuças contra os governos ditos “bolivarianos”. Por que também judeus, ciganos, comunidade LGBTI são sempre perseguidos em toda sociedade, seja qual tenha sido o “ismo” de sua denominação (nazismo, fascismo, capitalismo, socialismo real...)? Dei boas gargalhadas com uma neta querendo saber qual é minha orientação sexual, porque apoio todos os abaixo-assinados em defesa de gays e similares.
Brincadeira à parte, muito menina, já era a única a torcer pelos índios nas matinês de domingo, em Alvinópolis... Depois virei defensora de trabalhadores, fundadora de sindicatos, piqueteira, grevista, militante pela anistia, apoiadora de jornais alternativos, fundadora do PT, após passagem pelo lado dourado da vida dos que têm dinheiro...
Também andei mexendo com o direito das mulheres e fiquei muito impressionada quando vivenciei na Suíça, em 1992, os preconceitos existentes e arraigados contra as mulheres, que naquele país só obtiveram o direito de voto nos anos 70. E aqui a chacina continua matando tantas mulheres...
Por que essa intolerância contra os “diferentes”?
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