SILVANA MASCAGNA

Amizade colorida ou amigo com benefícios?

Redação O Tempo


Publicado em 31 de agosto de 2011 | 00:00
 
 
 
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Uma amiga minha me disse semana passada que acaba de ganhar um "amigo com benefícios". Vibrei por ela e tal, mas fiquei pensando na definição: amigo com benefícios.

Para quem não sabe, trata-se de uma relação que inclui amizade e sexo e nada mais. Ou seja, não pode haver amor, paixão, cenas de ciúme, cobrança, planos futuros, presentinhos, mensagens fofas no celular, visitinhas na casa da mamãe etc.

Acho super interessante a ideia, principalmente num mundo em que as pessoas parecem querer se comprometer cada vez menos. Pelo menos, o sexo está a salvo. O problema é quando um consegue levar a coisa como está escrito e outro, não. Bom, mas isso é outra história...

O que me incomoda no "amigo com benefícios", portanto, não está no conteúdo, mas na forma. Por que "amigo com benefício"? Um amigo com quem não rola sexo não tem benefício? Uma amizade pura e simplesmente já não é benéfica o suficiente?

Outra coisa: benefício me lembra algo econômico, de negócios. Aí fico imaginando que se o cara ou a moça "mandarem bem" vão ganhar espécies de bônus ou algo assim.

Talvez essa minha implicância com a expressão venha do fato de que na primeira vez que ouvi falar sobre o assunto, lá nos anos 1980, o termo usado era "amizade colorida". Podem considerar um tanto "bicho grilo", mas acho mais divertido, lúdico, mais a ver com a ideia de que tudo deve ser leve. Colocar cores a mais numa relação que já é boa. Muito melhor que "amigo com benefício".

Acho que as pessoas não usam amizade colorida por acharem datado, muito anos 80. Pois então que usem "amigo sexual", como faz uma outra amiga. É mais direto e tem mais a ver com a proposta. Aliás, essa seria a definição mais apropriada para o caso. Porque na verdade, nesse tipo de relação, raros são os casos em que as pessoas são amigas, na concepção exata da palavra. "Amigo" aqui seria apenas um jeito de chamar a pessoa com quem se tem um relacionamento especial. Por isso, a importância do complemento.

Mas um filme que está para estrear por aqui vai acabar agradando a todos. "Friends with Benefits" - em português, amigo com benefícios - foi traduzido como "Amizade Colorida". Trata-se de uma comédia romântica estrelada por Justin Timberlake e Mila Kunis, em que amigos de longa data, infelizes com rompimentos recentes, resolvem fazer sexo, só sexo.

O mesmo enredo de "Sexo sem Compromisso", com Natalie Portman e Ashton Kutcher, que já passou pelos cinemas de Belo Horizonte. Ela, uma médica, não tem tempo nem paciência para relacionamentos e propõe para ele, com vasto currículo de relações amorosas desastrosas, encontros sexuais fortuitos. Ele topa, claro, e tudo vai bem até que surge a paixão.

Nem quero entrar no mérito se isso é possível ou não. Se duas pessoas que amam fazer sexo uma com a outra vão conseguir não se apaixonar. Tendo a achar que sim, e, claro, se for de comum acordo. Não vale a moça morrer de amores pelo moço e só topar isso porque é a única forma de tê-lo. Nem o contrário. Se não, não tem nada de colorido, nada de benefícios. E ninguém quer isso, não é mesmo?

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