Conceitualmente, a solidão caracteriza-se pela falta ou carência de uma companhia, podendo ela ser voluntária ou não. Diversos estudos internacionais têm mostrado que o isolamento social e a sensação de solidão estão associados a uma maior incidência de doenças e também a um risco maior de morte prematura.
A solidão é um problema de saúde tão grave que estudos da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, identificaram que a solidão faz tanto mal às pessoas quanto o sedentarismo, a obesidade ou o hábito de fumar 15 cigarros por dia. Depressão, diabetes, doenças cardiovasculares (hipertensão e acidente vascular cerebral), a doença de Alzheimer e até a redução da imunidade podem estar associados ao fato de a pessoa se isolar com frequência. O aparecimento de fobias, crises de ansiedade e episódios de insônia pode também acompanhar os solitários.
No Brasil, o problema também é muito prevalente. Tanto é que uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia identificou que a solidão é o maior medo do idoso brasileiro, à frente de temores como a cegueira, a incapacidade de locomoção e até o câncer.
Em outra universidade, também inglesa (Newcastle), uma equipe detectou em pessoas solitárias que a alta do cortisol (hormônio do estresse) eleva o risco de doenças cardiovasculares e piora a imunidade deixando-as mais propensas a gripes, resfriados e outras infecções. Os solitários têm uma chance 26% maior de ter uma morte prematura.
Indivíduos muito solitários estão no grupo dos que mais sofrem com ansiedade e depressão. A solidão afeta uma área do cérebro, o córtex pré-frontal, responsável pela tomada de decisões. E isso ajuda a explicar por que sujeitos que se sentem isolados do mundo tendem a ter mais insônia, se alimentar mal, abusar das bebidas alcoólicas e levar uma vida sedentária.
Prezado leitor, caso você esteja tomado pela solidão ou conheça alguém com esse grave problema, tenho algumas dicas a serem pautadas. A pessoa deve começar a ter contatos reais, e, portanto, a procura pelo voluntariado pode ser uma porta de primeira linha. Em paralelo, a procura por outras atividades sociais (clube, academia, livraria da esquina etc.) pode ser uma aposta para afastar o fantasma da solidão. Tome cuidado com a procura por “amigos virtuais”, pois essas mesmas pesquisas relacionam que a interação virtual não melhora o estado de solidão.
De igual forma, a mudança do sedentarismo para a prática de atividades físicas é uma boa pedida. Para as pessoas mais idosas, a participação em grupos de terceira idade é de utilidade ímpar. Outros podem se beneficiar das atividades em centros-dia para idosos ou mesmo nos modelos de residência permanente. Os modernos residenciais para idosos têm atividades diárias que resgatam as interações e a convivência entre as pessoas. O importante é espantar a solidão. Então, mexa-se! A solidão é algo tão vazio que Clarice Lispector disse certa vez: “E ninguém é eu, e ninguém é você. Esta é a solidão”.
Faça uma boa semana.