Nas últimas semanas, correspondendo ao avanço da vacinação, a pandemia da Covid-19 regrediu aos menores níveis desde o surgimento da doença. Resta pouca dúvida em relação ao benefício da vacina. Agora, mais do que nunca, as análises conduzem a uma convicção inquestionável.
Em Betim, pedi que fosse preenchido um relatório diário analítico com dados de cada paciente abrigado no CTI. Nesse centro, acabam sendo internados todos os suspeitos de síndrome pulmonar aguda em estado mais grave. De cada um, obtêm-se estas informações: idade, município de proveniência, doses de vacinas tomadas, fabricante da vacina, comorbidades das quais é portador, uso de ventilador.
Pois bem. Cruzando esses dados há cerca de 40 dias chega-se a uma estatística razoavelmente confiável. Os não vacinados – ou seja, aqueles 10% que optaram por recusar a várias chamadas de imunização – proporcionalmente são os mais atingidos. Entre vacinados com duas doses, de qualquer fabricante, não se registrou óbito – apenas os não vacinados chegaram ao extremo de precisar de respiradores. O número de pacientes por município é menor em Betim, que foi mais rápido na aplicação de vacinas do que as cidades do entorno. Além disso, apenas pacientes com comorbidades graves, tabagismo, alcoolismo e em tratamento de hemodiálise chegaram ao CTI.
Pode-se, assim, concluir, por essa estatística, que pessoas mais jovens vacinadas podem contrair e ser portadoras, mas não chegam a registrar sintomas graves ou que levem a óbito.
Não há caso de pessoa com a terceira dose de reforço entre os pacientes em estado grave. Apenas um imunizado com Pfizer deu entrada, sendo que os demais receberam Coronavac ou AstraZeneca, entretanto nenhum paciente com duas doses chegou a óbito por Covid no município.
O que se pode dizer aos que são contrários à vacina e a recusam: até o momento, tudo indica ser a vacina a responsável por estancar a pandemia. Não podemos ignorar que as estatísticas dão aos vacinados a segurança quase total de escapar ileso de qualquer tipo de variante de Covid. A terceira dose de vacina, que por protocolo é diferente das primeiras duas, é benéfica, pois até agora apenas idosos a receberam, e entre eles não houve nenhum internado no CTI com Covid detectado.
Pessoalmente, creio que vale a pena manter por alguns meses medidas sanitárias, especialmente em decorrência de uma parcela da população que ainda se recusa a vacinar. Faz parte dos direitos de qualquer um saber se o outro foi ou não vacinado e recusar sua presença num ambiente que se declara favorável à vacina.
Os ambientes acessíveis apenas a vacinados devem manter ainda a máscara e a medição de temperatura corpórea, mas podem adotar a ocupação máxima do local, enquanto os ambientes que permitem o acesso a qualquer cidadão, com ou sem comprovação de vacinas, devem permanecer com restrições de lotação e regras de distanciamento.
O cerco ao Covid determinará o encerramento dessa triste fase com maior segurança e o retorno sustentado à normalidade.