O conceito de liderança, em seu entendimento completo, envolve as capacidades de guiar e ser conduzido. Liderar é inspirar pessoas, conseguir extrair o melhor de cada um e identificar pontos limitantes e ajudar a aperfeiçoá-los. Ser liderado envolve todos os ganhos do aprendizado. E é do equilíbrio entre saber liderar e se predispor a ser liderado que surgem bons gestores.
Especialmente para um profissional que já é líder, retornar ao lugar que ocupou, um dia, permite reviver determinadas situações que, justamente por ser o líder, já não fazem parte da sua rotina. Ter a oportunidade de revisitar essas experiências é a chance de entender melhor os pontos fracos e fortes da equipe, além de analisar sua postura como líder.
A importância do líder, dentro de uma organização, é observada na pesquisa “Carreira dos Sonhos de 2018”, feita pela Cia. de Talentos, que apresentou informações sobre a visão que os colaboradores têm sobre suas lideranças. Dos mais de 87 mil trabalhadores de empresas consultados no Brasil, 75% se encaixam no perfil jovem, 64% dos colaboradores são ligados à média gestão, e 65% dos que integram a alta liderança afirmam que a confiança que possuem está focada no líder direto. Esses dados mostram a expectativa que os liderados têm em relação ao seu líder e que a estratégia de adotar uma visão de observador, ou seja, como se o líder voltasse ao posto de liderado, pode contribuir para melhorias no setor e reforçar essa visão que o colaborador tem do seu gestor.
Essa postura considera dois pontos importantes. O primeiro é a empatia, a capacidade de perceber, de fato, o que a equipe sente, quais são suas melhores características e os pontos que podem ser desenvolvidos. A ideia desse retorno é tornar as experiências mais próximas da realidade, já que, em muitos casos, o líder exerce uma função que mais tem a ver com a delegação de tarefas do que com o “colocar a mão na massa”. Voltar a ser liderado permite a retomada de práticas que não façam tanto sentido para ele mais. Vários exemplos podem ser dados, como passar novamente por um atendimento a um cliente. Essa vivência pode gerar uma nova percepção sobre os processos e a forma de abordagem, as dificuldades desse atendimento e da relação com o cliente. A partir daí ele pode trocar impressões com o responsável por aquela função para encontrarem uma solução prática.
O segundo diz respeito ao autoconhecimento. Liderança tem a ver com a percepção do que há de melhor e de mais limitado em um grupo de pessoas que são diferentes. Mas, para que um líder consiga construir uma mudança em cima desses pontos, ele precisa conhecer a si mesmo. Ao voltar a ser liderado, ele pode identificar possíveis falhas e até mesmo acertos que ele não percebe em si mesmo, pelo fato de estar em posição de liderança. A partir daí, ele pode trabalhar esses aspectos para alinhar as expectativas de sua equipe.
Esses dois pontos são exemplos de como a gestão empresarial está em constante evolução. A ideia é chegar ao entendimento de que o papel do líder pode ser, constantemente, reinventado para atender as novas demandas do mercado.