Será que um clube com o tamanho, a tradição e a pujança do Cruzeiro não tinha outro candidato à presidência um pouquinho melhor do que o senhor Wagner Pires de Sá, que, desde as primeiras horas após ser eleito, demonstra grande despreparo para ocupar um cargo tão importante, cujas ações interessam a milhões de pessoas que amam a Raposa?
Para muita gente, não saber se expressar e não concatenar ideias para expô-las é apenas uma característica de personalidade. Para mim, definitivamente, não!
Mas esse não é o mais preocupante sinal de que o futuro mandatário celeste já está levando o clube para um caminho muito perigoso.
A escolha de algumas pessoas para ajudá-lo a conduzir seu mandato é uma prova inequívoca de que o futuro para a nação azul é preocupante.
Não vou entrar no mérito de quem ameaçou quem – isso é com a polícia –, de quem traiu quem, de quem não cumpriu promessas de campanha para quem quer que seja, mas não dá para negar que, entre a palavra de um homem que está há 50 anos no Cruzeiro sem nunca ter o nome envolvido em coisas ilegais ou imorais e a de quem caiu de paraquedas no clube pelos motivos que o senhor Pires de Sá pode explicar, não tem como escolher outra que não seja a do Dr. Gilvan, que tem, sim, sua grande parcela de culpa nessa situação, pois apoiou o presidente eleito no recente pleito no Cruzeiro.
Menos mal que, agora, o ainda presidente não se omite e abre o verbo para expor o que parece mesmo ter acontecido.
Afirmou, com todas as letras, que foi traído por Wagner Pires de Sá, que prometeu não levar o senhor Itair Machado para o clube, apertando a mão de vários conselheiros em uma reunião antes da eleição para selar a promessa. Deu no que deu.
Deixo claro que o espaço desta coluna está aberto ao futuro presidente ou a quem o represente.
Essa situação no Cruzeiro já chamaria atenção somente pelo deplorável nível a que chegou a transição de poder no clube, mas, para mim, outra nuance salta aos olhos.
O Cruzeiro quase sempre foi uma instituição em que as correntes políticas compunham alianças hegemônicas em época de eleição, por mais que, fora desses períodos, as coisas parecessem ferver.
“Mas essa situação não interessa ao torcedor, que quer saber apenas da bola rolando”, podem dizer alguns.
Mas não há como negar que esse barraco que vive o clube, inclusive com denúncia registrada por ameaça de morte, deve afetar o futebol, que tem 2018 com a Copa Libertadores, só isso.
Fico imaginando como a nova diretoria do Cruzeiro, se ela ficar em pé até 2 de janeiro, está tendo cabeça para montar o planejamento para a próxima temporada.
Ela tem dito que a situação financeira do clube é delicada, tanto que o Cruzeiro teve que abrir mão do lateral Diogo Barbosa. É verdade também que o clube andou atrasando salários, o que o atual presidente não nega.
Contudo, isso é o menor dos problemas diante do que a nova diretoria está demonstrando ser capaz de fazer, ou de não fazer. Pode ser chavão, mas: “Diga-me com quem andas, e te direi que és”.
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