O esporte tem o poder de unir pessoas, mas as disputas étnicas e conflitos sociais podem abalar até a mais forte amizade. O documentário “Once Brothers”, lançado em 2010 e presente no catálogo do “Watch ESPN”, exclusivo para os assinantes do canal, é talvez uma das melhores produções do gênero em todos os tempos. A obra é dirigida por Michael Tolajian e conta a história da relação entre Drazen Petrovic e Vlade Divac, duas das maiores lendas do basquete. Nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, eles levaram a seleção da Iugoslávia à medalha de bronze.
Dois anos depois, juntos, foram campeões do mundo na Argentina. Era a hora de ir aos Estados Unidos para realizar o sonho de jogar na NBA. Drazen largou na frente. Foi selecionado na terceira rodada do draft – o recrutamento de jogadores para as equipes da liga – de 1986. No entanto, Petrovic permaneceu atuando pelo Cibona, time de sua terra natal, até que Divac, seu grande amigo, também foi recrutado para atuar na NBA. Vlade não poderia perder a chance de defender o Los Angeles Lakers de Magic Johnson, sendo selecionado na 26ª escolha do draft de 1989. A história dos dois continuou ligada e logo converteram-se em sensações na liga norte-americana.
Todavia, em 1991, com a queda da União Soviética, a relação de Drazen e Vlade mudou para sempre. A Iugoslávia dividiu-se e uma guerra eclodiu entre a Sérvia e a Croácia, e os frutos dessa separação deixaram marcas profundas no Leste Europeu. O sérvio Divac e o croata Petrovic deixaram os laços que os uniam de lado e mesmo que se enfrentassem nas quadras, o silêncio mortal imperava. Um incidente de Divac com um torcedor croata terminou por dinamitar de vez a relação entre os ex-companheiros. Circunstâncias que tornaram-se irreversíveis.
Em 7 de junho de 1993, Drazen Petrovic faleceu em um acidente automobilístico, em Ingolstadt, na Alemanha. Ele estava no banco do carona de seu carro, guiado por sua namorada, em viagem de volta para a Croácia, sua terra natal, quando uma carreta chocou contra o veículo, matando-o na hora. A namorada sobreviveu. Petrovic tinha 28 anos e negociava para definir onde jogaria na próxima temporada.
Na época, ele atuava no New Jersey Nets, atualmente Brooklyn Nets. Drazen partiu sem que jamais se reconciliasse com Vlade Divac, o parceiro de tantas glórias. Na Croácia, Petrovic é idolatrado, apelidado de “Mozart”, uma homenagem ao seu talento como exímio arremessador. “Once Brothers” relata as relações entre esses dois ícones e mostra que a vida está sujeita a situações que nunca podemos esperar.