Quando surgiu, em meados da década de 1980, nos Estados Unidos, a “teoria queer” levou para a universidade debates sobre gênero e sexualidade que já se faziam presentes no cotidiano, pelas ruas. Os estudos – iniciados por teóricos como Judith Butler e Michael Foucault – buscavam problematizar as oposições entre feminino/masculino, aprofundar a compreensão sobre minorias – gays, lésbicas e transgêneros – e entender de que modo a orientação sexual e a identidade de gênero são influenciadas pela sociedade.
Agora, BH inverte a mesa e devolve o discurso da academia às ruas, incorporando de vez a potência política do mundo queer na arte com a mostra “Afazeres Queers”, que ocupa o Teatro Espanca! por nove dias a partir desta terça (24).
Espetáculos, performances, exposições, debates, um filme e um grupo de estudos estão entre as ações promovidas pela ocupação, idealizada pelos artistas Igor Leal, Will Soares e Alexandre de Sena.
“Questionar as normatividades e denunciar a função das artes no debate sobre a sexualidade é mais do que colocar o tema na pauta: é abordar uma urgência política nesse nosso contexto. Vivemos em uma cidade orientada pelo desejo heterossexual. Por isso, sentimos a necessidade de criar uma frente de pessoas envolvidas com essa temática e que vivenciam isso para articular uma resistência”, comenta Igor.
Localizadas no centro da cidade, entre o viaduto Santa Tereza e a estação Central, as ações têm como objetivo fisgar outro tipo de público além do que já está familiarizado com a pauta. Atividades gratuitas, de portas abertas, e outras desenvolvidas na rua – como a exposição colaborativa “Imagem Queer” que ocupará os muros do entorno com fotos ampliadas – são as estratégias do grupo para engajar novas vozes na discussão.
Plural
A performance “Vivita”, do argentino Lucas Martinelli, sobre Evita Perón, o sexo e o submundo, marca o início da mostra cênica, nesta terça (24). A artista Ana Luísa Santos apresenta o novo “Por Uma Performance Queer ou O Direito aos Grandes Lábios”, seguida pela estreia de “Casa Corpo”, de Ed Marte, na quarta (25).
A cena “Não Conte Comigo Para Proliferar Mentiras”, produzida pelo trio Igor, Will e Alexandre para o Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto de 2014, será a atração da quinta (26) e da sexta (27). Aclamada pelo público na ocasião, a peça se debruça sobre três categorias – gênero, raça e classe – para evidenciar as fronteiras presentes na sociedade e apontar elementos de resistência a elas. A artista e professora da Universidade de Ouro Preto (Ufop), Nina Caetano, participa da conversa que sucede o espetáculo.
Já no sábado, shows de drags e de pole dance colorem o lançamento do clipe “Rap Diztrava”, rodado no morro do Papagaio e celebra a troca de experiências em uma reunião festiva.
O longa “Nova Dubai”, de Gustavo Vinagre (RJ) será exibido no domingo (29) e a mesa redonda “Arte e Política: O Corpo Queer na Arte Contemporânea” encerra a programação com debate sobre como a arte queer pode ser ativista. “Do trabalho dos fotógrafos ao das drags que compõem a mostra, vamos juntar debates públicos, ativismo político e experimentações artísticas em geral. São dias pra misturar todo mundo e refletir sobre o que está acontecendo e sendo apresentado na cidade”, finaliza Igor.
PROGRAMAÇÃO
Terça (24), às 20h. R$ 5.
:: "VIVITA"
Com Lucas Martinelli (Buenos Aires/Argentina).
Vivita é uma performance que convoca o espírito de Eva Duarte, figura emblemática da nação Argentina. A partir de textos de Evita Vive de Néstor Perlongher, se constrói uma versão própria do mito político em que Evita retorna dos mortos para fazer travessuras no submundo do sexo e da rua.
Quarta (25), às 20h. R$ 5.
:: "POR UMA PERFORMANCE QUEER OU O DIREITO AOS GRANDES LÁBIOS"
Com Ana Luísa Santos (Belo Horizonte/MG)
Ana Luísa Santos é artista visual e pesquisadora. Trabalha como performer, figurinista e curadora. Desenvolve projetos de formação como o Núcleo de Pesquisa em Figurino no Galpão Cine Horto.
:: "CASA CORPO"
Com Ed Marte (Belo Horizonte/MG)
Ed marte é artista visual e trabalha às relações entre corpo, espaço e público, arte e vida. Rito, fluxo e interação. O corpo se coloca, artisticamente, na criação de uma imagem que aborda questões comportamentais emergentes na contemporaneidade, como deslizamento pós gêneros, teoria queer, questionando o padrão das poéticas virtuais que vestem o corpo.
Quinta (26), às 20h. R$ 5.
:: "NÃO CONTE COMIGO PARA PROLIFERAR MENTIRAS"
Com Igor Leal e Will Soares + bate papo com Nina Caetano (UFOP)
Wil La’Queer apresenta seu novo show: O homem na estrada. O encontro entre esses artistas resulta em uma cena que expõe o universo da periferia com claros recortes e re-articulações entre as categorias de “gênero” (masculino/feminino) e “raça” (negro/branco) e “classe social” (pobre/rico). O material criativo aparece através das próprias memórias e experiências dos artistas com a opressão racial, de orientação sexual, de gênero e econômica, suas intersecções, articulações e sobreposições. A cena evidencia as fronteiras que marcam as categorias sociais e apontam elementos de resistência à medida que re-significam as próprias identidades e o status de sua representação.
Sábado (28), de 20h às 0h. Contribuição voluntária.
:: NOITE QUEEN QUEER
Ponto de encontro. Uma noite para fomentar “outros” encontros entre artistas, ativistas e público em geral e brindar a diversidade. Lançamento do RAP DIZTRAVA.
Com shows Drags: Cristal Lopez, Bella La Pierre, Ronny Estives, Maicon Sipriano, e Ácida Queen. Performance no Mastro - Marcelo Marques. Discotecagem: Alexandre de Sena
Domingo (29), a partir das 14h. Gratuito.
:: IMAGEM QUEER
Exposição de fotografias e artes visuais
Com o intuito de mapear artistas que se debruçam ou abordam em seus trabalhos questões de gênero e sexualidades, convocamos profissionais da fotografia a enviarem seus trabalhos.
Domingo (29), 18h. Gratuito.
:: "NOVA DUBAI"
Longa de Gustavo Vinagre (Rio de Janeiro/RJ)
Num bairro de classe média numa cidade do interior do Brasil, a especulação imobiliária ameaça os espaços afetivos da memória de um grupo de amigos. Sua resposta diante dessa iminente transformação é praticar sexo em locais públicos e nessas construções. E o amor? É apenas mais uma construção?
Quarta (1º), às 20h. Gratuito.
:: ARTE E POLÍTICA: O CORPO QUEER NA ARTE CONTEMPORÂNEA - mesa redonda
Com Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT/NUH-UFMG
O que é Arte Queer? Esse rótulo abraça toda a produção e as questões pertinentes à sigla LGBT? Como a arte Queer se insere como estratégia de ação e ativismo nas lutas sociais e reinvindicação dos Direitos Humanos e cidadania? Qual o lugar das produções Queers oriundas de guetos em espaços
institucionalizados das Artes como galerias, museus e bienais? A partir desses questionamentos pretendemos propor um momento de reflexão e crítica sobre este campo da arte e suas manifestações.
:: "VIVITA"
Com Lucas Martinelli (Buenos Aires/Argentina).
Vivita é uma performance que convoca o espírito de Eva Duarte, figura emblemática da nação Argentina. A partir de textos de Evita Vive de Néstor Perlongher, se constrói uma versão própria do mito político em que Evita retorna dos mortos para fazer travessuras no submundo do sexo e da rua.
Quarta (25), às 20h. R$ 5.
:: "POR UMA PERFORMANCE QUEER OU O DIREITO AOS GRANDES LÁBIOS"
Com Ana Luísa Santos (Belo Horizonte/MG)
Ana Luísa Santos é artista visual e pesquisadora. Trabalha como performer, figurinista e curadora. Desenvolve projetos de formação como o Núcleo de Pesquisa em Figurino no Galpão Cine Horto.
:: "CASA CORPO"
Com Ed Marte (Belo Horizonte/MG)
Ed marte é artista visual e trabalha às relações entre corpo, espaço e público, arte e vida. Rito, fluxo e interação. O corpo se coloca, artisticamente, na criação de uma imagem que aborda questões comportamentais emergentes na contemporaneidade, como deslizamento pós gêneros, teoria queer, questionando o padrão das poéticas virtuais que vestem o corpo.
Quinta (26), às 20h. R$ 5.
:: "NÃO CONTE COMIGO PARA PROLIFERAR MENTIRAS"
Com Igor Leal e Will Soares + bate papo com Nina Caetano (UFOP)
Wil La’Queer apresenta seu novo show: O homem na estrada. O encontro entre esses artistas resulta em uma cena que expõe o universo da periferia com claros recortes e re-articulações entre as categorias de “gênero” (masculino/feminino) e “raça” (negro/branco) e “classe social” (pobre/rico). O material criativo aparece através das próprias memórias e experiências dos artistas com a opressão racial, de orientação sexual, de gênero e econômica, suas intersecções, articulações e sobreposições. A cena evidencia as fronteiras que marcam as categorias sociais e apontam elementos de resistência à medida que re-significam as próprias identidades e o status de sua representação.
Sábado (28), de 20h às 0h. Contribuição voluntária.
:: NOITE QUEEN QUEER
Ponto de encontro. Uma noite para fomentar “outros” encontros entre artistas, ativistas e público em geral e brindar a diversidade. Lançamento do RAP DIZTRAVA.
Com shows Drags: Cristal Lopez, Bella La Pierre, Ronny Estives, Maicon Sipriano, e Ácida Queen. Performance no Mastro - Marcelo Marques. Discotecagem: Alexandre de Sena
Domingo (29), a partir das 14h. Gratuito.
:: IMAGEM QUEER
Exposição de fotografias e artes visuais
Com o intuito de mapear artistas que se debruçam ou abordam em seus trabalhos questões de gênero e sexualidades, convocamos profissionais da fotografia a enviarem seus trabalhos.
Domingo (29), 18h. Gratuito.
:: "NOVA DUBAI"
Longa de Gustavo Vinagre (Rio de Janeiro/RJ)
Num bairro de classe média numa cidade do interior do Brasil, a especulação imobiliária ameaça os espaços afetivos da memória de um grupo de amigos. Sua resposta diante dessa iminente transformação é praticar sexo em locais públicos e nessas construções. E o amor? É apenas mais uma construção?
Quarta (1º), às 20h. Gratuito.
:: ARTE E POLÍTICA: O CORPO QUEER NA ARTE CONTEMPORÂNEA - mesa redonda
Com Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT/NUH-UFMG
O que é Arte Queer? Esse rótulo abraça toda a produção e as questões pertinentes à sigla LGBT? Como a arte Queer se insere como estratégia de ação e ativismo nas lutas sociais e reinvindicação dos Direitos Humanos e cidadania? Qual o lugar das produções Queers oriundas de guetos em espaços
institucionalizados das Artes como galerias, museus e bienais? A partir desses questionamentos pretendemos propor um momento de reflexão e crítica sobre este campo da arte e suas manifestações.

Afazeres Queers
Performances, debates, filmes e peças sobre sexualidade e gênero
Teatro Espanca! (r. Aarão Reis, 542, centro, 3657-7348). De terça (24) a 1º/4. Com exceção das performances e cenas (R$ 5), toda a programação é gratuita.
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