As revelações dos horrores praticados pelo regime nazista nos campos de concentração, após o fim da Segunda Guerra Mundial, contribuíram para o declínio da eugenia, a partir de 1945. Universidades deixaram de ensinar a disciplina e procedimentos ligados à prática eugênica mudaram de foco. No sexto episódio da série que conta a história da eugenia, o podcast Pelo Avesso investiga como ela chegou ao fim, mas ainda sobrevive em práticas e discursos do presente.
A ciência fundada no fim do século XIX por Francis Galton previa o melhoramento da raça humana, por meio da seleção artificial, com o incentivo à reprodução de pessoas consideradas bem dotadas e a restrição da reprodução dos que eram tidos como degenerados. Essa premissa foi utilizada como base pelos nazistas para justificar o extermínio de pessoas com deficiência, judeus, ciganos e homossexuais.
A partir de então, departamentos de eugenia instalados em universidades se transformaram em departamentos de genética. Práticas ligadas à eugenia se desvincularam da antiga ciência, caso dos testes de Quociente de Inteligência (Q.I.), que passaram a ser questionados por terem viés de discriminação racial.
A esterilização, praticada em massa na Alemanha dos anos 1930, se tornou um instrumento de controle populacional em países pobres. No Brasil, a alta quantidade de laqueaduras feitas na segunda metade do século XX levou à instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), para investigar a realização do procedimento contra a vontade das mulheres. O relatório da comissão recomendou a aprovação da Lei do Planejamento Familiar, em 1996.
Com a descoberta de novas técnicas de edição genética, em 2012, também surgiram temores sobre o retorno de ideias eugenistas de produção de seres humanos “perfeitos”. Um projeto de democracia participativa em escala global, com integrantes do Brasil, quer ajudar na regulamentação dessas pesquisas para evitar experimentos “bizarros”.
Neste episódio, colaborações de Vanderlei Sebastião de Souza, professor da Universidade do Centro-Oeste do Paraná; Leandro Moreira, professor do departamento de ciências biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto; Paula Machado, defensora pública no estado de São Paulo e coordenadora do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres; Mozart Linhares da Silva, professor da Universidade de Santa Cruz do Sul e coordenador do grupo de pesquisa Identidade e Diferença na Educação e do Observatório de Educação e Biopolítica; Pietra Diwan, doutora em história e autora do livro “Raça Pura: Uma História da Eugenia no Brasil e no Mundo” e Yurij Castelfranchi, professor do departamento de sociologia e coordenador do Amerek, especialização em comunicação pública da ciência na Universidade Federal de Minas Gerais.
O podcast Pelo Avesso é uma série que conta a história da eugenia e seus efeitos no Brasil. Se você ainda não ouviu os cinco primeiros episódios, pode ouvi-los aqui (de preferência, antes de ouvir este).
Pelo Avesso é uma produção em parceria com O TEMPO e tem apoio do Instituto Serrapilheira, que financia a pesquisa e divulgação científica no país. Serão sete episódios, publicados quinzenalmente.
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*Especial para O TEMPO.