O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, criticou nesta terça-feira (24) a omissão do governo brasileiro em relação à crise política que acomete a Venezuela. Para ele, o país adota uma postura conivente, silenciosa e vergonhosa.
"A posição conivente e silenciosa do Brasil com tudo isso é inaceitável e ao meu ver, vergonhosa", afirmou Aécio em discurso no plenário. Para o tucano, a presidente Dilma Rousseff não pode "sobre o princípio de não interferência nos assuntos internos de um país para deixar de agir em caso de tamanha gravidade".
O senador fez referência à fala da presidente Dilma Rousseff na última sexta-feira (20) em que, questionada se não havia constrangimento em receber as credenciais da nova embaixadora venezuelana no Brasil, Maria Lourdes Urbaneja Durant, um dia após o presidente Nicolás Maduro ter pedido a prisão do prefeito da área metropolitana de Caracas, Antonio Ledezma, 59, ela afirmou que era uma questão interna do país.
O tucano disse ainda que o Brasil será cúmplice do governo de Maduro caso haja um "banho de sangue" no país vizinho. "Não será de se estranhar que em breve ocorrer um banho de sangue na Venezuela e o Brasil pagará um alto preço pela sua omissão. Portanto, a omissão brasileira nos tornará cúmplices do que eventualmente ocorrer na Venezuela", disse.
Aécio cobrou um posicionamento do Congresso já que disse não acreditar em uma mudança de postura da presidente Dilma Rousseff. "Considero urgente, já que a omissão do governo federal parece cada vez mais clara em relação a esta questão, que o Congresso Nacional, voz da sociedade brasileira, possa se manifestar em solidariedade, não à oposição ou a partidos, mas ao que a todos nós é mais caro, às liberdades democráticas", disse.
O senador sugeriu ainda que o Senado crie uma comissão que possa ir à Venezuela para tentar dialogar com os seus governantes. "É com extrema preocupação que assistimos ao contínuo processo de aprofundamento do autoritarismo e do desrespeito às liberdades democráticas da Venezuela, país vizinho e parceiro do Brasil no Mercosul", disse.
Na última quinta-feira (19), Maduro ordenou a prisão do prefeito da área metropolitana de Caracas, Antonio Ledezma, sob acusação de conspiração.
Nesta segunda, dirigentes do Copei, partido conservador que teve grande influência na Venezuela até o fim dos anos 1990, denunciaram que um de seus prédios em Caracas foi invadido e tomado por um grupo de pessoas com apoio da polícia.
A ação, chamada pelo Copei de ato de intimidação, ocorreu no mesmo dia em que a sigla aderiu publicamente a um chamado de setores da oposição pedindo uma "transição" no país.