A Câmara Municipal de Belo Horizonte recebeu ontem mais um pedido de cassação por quebra de decoro contra um vereador. Desta vez o alvo é Gilson Reis (PCdoB). A solicitação – feita por Caio Coelho, integrante do movimento Mais Brasil – ocorre após o parlamentar ter ameaçado demitir os servidores que não participassem da manifestação que ocorreu na última sexta-feira.
No protocolo, Coelho afirma que foi até o gabinete do vereador, mas encontrou o local trancado. “Percebe-se que a conduta do representado atenta contra a dignidade do mandato de vereador em Belo Horizonte, trazendo desprestígio à Câmara Municipal e seus membros”, diz parte do pedido.
Em contato com a reportagem, Coelho falou sobre a motivação para entrar com o pedido. “O que acontece é que, na semana passada, ele admitiu em plenário que teria ameaçado seus funcionários de demissão, caso eles não participassem da greve que foi marcada para sexta-feira, ou seja, o funcionário que fosse trabalhar, fazer a coisa certa, seria demitido. Eu e o movimento Mais Brasil entendemos que isso é um absurdo, um descaso tanto com a Câmara quanto com o dinheiro do cidadão belorizontino. A Câmara custa caro, os funcionários custam caro, o gabinete custa caro e a gente acha que essas pessoas não podem ficar disponíveis para atender fins particulares”, disse.
A procuradoria geral da Casa confirmou o recebimento do pedido e vai analisar se os requisitos legais foram contemplados. Procurado, o vereador afirmou estar tranquilo. Ele disse que não acredita numa eventual cassação. “O motivo é completamente descabido. Estamos diante de uma ofensiva contra a reforma da Previdência. Eu estou na luta e, por ser vereador e político, estou coordenando o movimento contra a reforma, e talvez seja o setor empresarial que não quer que a gente utilize do nosso mandato e da nossa tribuna para poder fazer a denúncia contra a reforma”, afirmou.
Com relação ao discurso feito na Casa, de que demitiria quem fosse trabalhar na sexta, Reis garantiu que ninguém perdeu o emprego. “Todos são trabalhadores que têm consciência do trabalho deles e do que representa a reforma da Previdência para cada um deles. E tomaram a decisão legítima de não ir ao trabalho na sexta-feira, de forma consciente. E todo mundo está empregado, porque todos participaram da manifestação. Estou muito tranquilo. Ser cassado por defender os trabalhadores seria uma glória”, completou.
Magalhães
Ontem, as expectativas na Câmara de BH estavam voltadas ao retorno do vereador Wellington Magalhães (DC), que conseguiu na Justiça o direito de reassumir o mandato após um afastamento que durou 422 dias. No entanto, apesar de seu gabinete estar cercado por seguranças e às vistas dos curiosos, Magalhães não compareceu para tomar posse. Antes mesmo de reassumir o posto, o vereador já sabe que será alvo de um novo pedido de cassação, que será protocolado pelo colega Mateus Simões (Novo)