Em discurso na noite desta sexta-feira (2), durante o 14º Encontro Nacional do partido, o presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão (SP), defende oficializar a indicação da presidente Dilma Rousseff como pré-candidata à reeleição.
"O encontro é, sobretudo, o momento de formalizarmos, solenemente, a indicação da companheira Dilma Rousseff como nossa pré-candidata à Presidência da República", diz Falcão, em seu discurso.
Contudo, as convenções partidárias que determinarão a escolha de candidaturas e a deliberação sobre coligações acontecem apenas em junho, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com isso, o PT só poderá formalizar seu candidato no mês que vem.
O encontro começou no início da noite desta sexta-feira (2) e, até as 20h30, continuava acontecendo a cerimônia de abertura, que é transmitida ao vivo no site do PT. O evento acontece no Centro de Convenções do Anhembi e conta com a presença de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Numa tentativa de arrefecer os discursos de "Volta, Lula", pelo menos dentro do partido, o presidente do PT convoca a militância a trabalhar "sem salto alto". "Lideramos as pesquisas e as expectativas de vitória. Mas sabemos que será uma disputa árdua, contra adversários cuja gana de nos derrotar não encontra limites, que são capazes de tudo para atingir seus objetivos. Portanto, não os subestimemos - e nada de salto alto ou de triunfalismo".
O presidente do PT lembra também no discurso os feitos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aponta para a continuidade da gestão Dilma. "Depois dos oito anos marcantes da gestão do presidente Lula, o governo da presidenta Dilma consolidou as conquistas alcançadas naquele período e, apesar do agravamento da crise mundial e do cerco midiático, promoveu avanços significativos", diz, citando entre alguns programas o Mais Médicos, o Pronatec e o Ciência sem Fronteiras.
Segundo Falcão, nos seis meses que faltam até a eleição "não há tarefa mais importante do que obter, nas urnas, um segundo mandato para a companheira Dilma". "Esta é uma aspiração não apenas do PT, mas da maioria do povo brasileiro", afirma.
Citando pesquisas que apontam que o brasileiro quer mudanças, o presidente do PT afirma que o eleitorado "quer que Dilma continue a mudar o Brasil como vem fazendo". "A rima popular é mudança com esperança. E a sabedoria popular diz que mudança com esperança é Dilma", prega. "A rima popular é mudança com segurança. E a sabedoria popular diz que mudança com segurança, só com Dilma."
O presidente petista diz ainda aos militantes "que a partir de hoje, toda a nossa energia se concentrará no objetivo central do PT: a reeleição". "E, para tanto, temos uma candidata cuja história, compromisso, atuação política e administrativa à frente do governo a credencia para a vitória", afirma, exaltando a trajetória de Dilma.
"Junto com ela, nas lutas, na vida e na campanha, está o companheiro Lula, presidente de honra do PT e a maior liderança que o povo brasileiro já produziu", diz. "Sua presença, seu companheirismo, sua lealdade, sua orientação, sua liderança, como grande comandante político dos embates deste ano estimulam e fortalecem a nossa campanha."
Adversários
Sem citar nominalmente os prováveis adversários da presidente no pleito, Falcão faz menções ao senador tucano Aécio Neves e ao ex-governador Eduardo Campos (PSB). "Como bem disse a nossa presidenta em declarações recentes, mudar não é retroceder, não é dar um passo atrás em direção ao passado, a exemplo de um dos adversários de nosso projeto, que ostenta um antigo político como seu padrinho e tutor eleitoral: sim, aquele mesmo que legou ao País uma herança maldita", afirma, referindo-se a Aécio e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O presidente do PT destaca também propostas recentemente defendidas por Aécio, que se disse disposto a estudar a flexibilização das leis trabalhistas em alguns setores da economia. "Agora, como pré-candidato, anuncia medidas 'impopulares', como a flexibilização das leis trabalhistas e o fim da lei do salário mínimo, que em 11 anos garantiu um aumento para os trabalhadores de quase 70% acima da inflação", diz Falcão.
No discurso do presidente petista também há um espaço para críticas a Eduardo Campos (PSB). "Se é preciso repelir o retrocesso, também é fundamental desmascarar os que prometem uma nova política, mas, comprometidos com figuras do passado, projetam-nos um futuro como salto no escuro, de consequências danosas. De fato, se levada às ultimas consequências, a proposta do ex-governador nordestino, de uma inflação anual de 3%, pode provocar uma elevação de até 60% na taxa de desemprego, segundo cálculos de economistas simpáticos à candidatura oposicionista", diz, sem nomear diretamente Campos.