A deputada Ana Paula Siqueira (Rede) afirmou que Minas Gerais vive “tempos horrorosos” na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em referência à tramitação da PEC do Referendo, que retira a obrigatoriedade de referendo popular para a privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Em entrevista ao programa Café com Política, no canal de O TEMPO no Youtube, a parlamentar classificou a proposta como “PEC do cala-boca”.
“É a PEC da exclusão, da retirada da participação dos mineiros e mineiras sobre o destino das nossas empresas. Água não é mercadoria. Nós defendemos a vida, e não existe vida sem água”, disse a deputada.
Para a parlamentar, a vitória do governo Zema na primeira votação da proposição não reflete uma convicção da base aliada, mas sim uma ação sob pressão.
A deputada defendeu que os deputados da base estão "atuando sob constrangimento", pois, segundo ela, "todo mundo sabe que a água é um bem essencial e tudo aquilo que garante a vida das pessoas tem que ser responsabilidade dos governos." A proposição foi aprovada em primeiro turno na madrugada da última sexta-feira(24/10). A votação foi a primeira do século iniciada após a meia-noite
A deputada declarou ainda que o Palácio Tiradentes conseguiu ampliar a base aliada após mudanças internas e negociações políticas. Ela mencionou “cumprimento de compromissos e liberação de emendas”, embora tenha dito não participar dessas tratativas.
“Dizem nos corredores que tem muita negociação sendo feita. O Zema está saindo do Estado e quer implementar toda perversidade política possível antes de ir embora. Depois o problema fica para a população”, afirmou.
A oposição, segundo a deputada, trabalha na obstrução da pauta e na mobilização popular, citando a campanha "Água sem Lucro" que busca coletar assinaturas para exigir o referendo popular sobre a privatização, como previsto na Constituição mineira desde 2001, em uma iniciativa do ex-governador Itamar Franco.
Futuro político
Questionada sobre seu futuro político, Ana Paula Siqueira confirmou que tem mantido diálogo com o PT e admitiu que o processo interno da Rede Sustentabilidade enfrenta dificuldades. “Nós estamos em um momento de reorganização da Rede, e esse processo está sob júdice. Houve atitudes que considero antidemocráticas, e por isso o processo foi judicializado”, declarou.
A deputada afirmou, no entanto, que ainda não tomou uma decisão sobre uma eventual mudança de partido, mas elogiou as conversas com outras siglas. Segundo ela, qualquer decisão acontecerá durante o período de janela partidária.
“Estou muito feliz com os convites que recebi. Tenho dialogado com o PT e com outras forças do campo progressista. Espero fazer essa transição de forma tranquila, pensando no fortalecimento do nosso projeto para Minas”, completou.