Deliberação

Alckmin vira réu na Justiça Eleitoral acusado de receber caixa 2 da Odebrecht

Segundo despacho do juiz Marco Antonio Martin Vargas, há indícios suficientes na acusação do Ministério Público Eleitoral para a abertura da ação

Por Folhapress/Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de julho de 2020 | 20:01
 
 
 
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A Justiça Eleitoral de São Paulo tornou réu nesta quinta-feira (30) o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro, além de receber caixa 2 da Odebrecht.

Segundo despacho do juiz Marco Antonio Martin Vargas, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, há indícios suficientes na acusação do Ministério Público Eleitoral para a abertura da ação. A denúncia tinha sido oferecida na último dia 23.

A acusação se refere a pagamentos para as campanhas eleitorais de 2010 e 2014, quando ele disputou o governo do estado. Segundo a Promotoria, o ex-governador recebeu R$ 2 milhões em espécie da Odebrecht na campanha de dez anos atrás e R$ 9,3 milhões quando disputou a reeleição. Ele foi eleito nas duas ocasiões.

O magistrado citou como elementos de prova, além dos depoimentos de delatores, planilhas de pagamentos da empreiteira, dados armazenados nos sistemas de pagamentos MyWebDay e Drousys e emails.

"Depoimentos dos colaboradores e das testemunhas, somados aos elementos de corroboração acostados aos autos, em tese, perfazem conjunto de indícios, por ora, capaz de reforçar a convicção sobre o envolvimento dos denunciados no complexo esquema de solicitação e recebimento de vantagens indevidas", escreveu.

Além de Alckmin, mais nove acusados se tornaram réus, incluindo seis delatores da Odebrecht. A lista também inclui Marcos Monteiro, ex-tesoureiro do PSDB, e Sebastião Eduardo Alves de Castro, ex-assessor do ex-governador.

Adhemar Cesar Ribeiro, cunhado de Alckmin, é apontado como intermediário dos pagamentos, mas as acusações foram consideradas prescritas e ele não foi incluído na ação.

Resposta

Alckmin tem negado as acusações e afirma que não praticou qualquer ilícito. Ele governou o estado por quatro mandatos (de 2001 a 2006 e de 2011 a 2018).

A defesa do ex-governador se pronunciou sobre o assunto. 

"A denúncia ora recebida pelo Poder Judiciário dará a oportunidade que foi até agora negada ao ex-governador Geraldo Alckmin de se defender e de contraditar as falsas e injustas acusações de que está sendo vítima e, principalmente, de provar a sua improcedência. Por esta nota, em respeito à opinião pública e à confiança da sociedade, de que sempre foi merecedor, lamenta essa injusta e indevida exposição, confiante de que, ao final do processo, a verdade e a justiça prevalecerão, pois nunca recebeu valores a título de contribuição de campanha eleitoral que não tenham sido devidamente declarados nos termos da legislação vigente, nem tampouco praticou qualquer ato de corrupção, como, aliás, nunca fez durante mais de 40 anos de vida pública", disseram os advogados José Eduardo Rangel de Alckmin e Marcelo Martins de Oliveira.

"O Diretório Estadual do PSDB-SP reitera sua confiança na idoneidade do ex-governador Geraldo Alckmin. Em seus mais de 40 anos de vida pública, Alckmin manteve uma postura de retidão e respeito à lei sem jamais abrir mão dos princípios éticos e de seu compromisso em servir ao setor público e ao cidadão. Acreditamos na Justiça e temos convicção de que, ao final do processo, os fatos serão devidamente esclarecidos", afirmou Marco Vinholi,  presidente Estadual do PSDB-SP.

Os outros denunciados não se manifestaram até a publicação desta reportagem.

 

 

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