O clima de campanha eleitoral tem aumentado à medida que o pleito se aproxima. Enquanto em seus perfis oficiais os pré-candidatos a prefeito de Belo Horizonte, Bruno Engler (PRTB) e Fernando Borja (Avante), adotam posturas semelhantes, com críticas ao prefeito Alexandre Kalil (PSD) e pedidos de reabertura do comércio, apoiadores dos dois candidatos travam uma batalha nos grupos de WhatsApp.
A disputa é sobre qual dos candidatos os eleitores conservadores e bolsonaristas devem apoiar e votar. Em pelo menos dois grupos, intitulados “Endireita BH” e “Aliança pelo Brasil-BH”, há discussões quase diárias e ataques frequentes. As mais intensas, no entanto, acontecem no primeiro.
De um lado, defensores da candidatura de Bruno Engler (PRTB) apostam na proximidade do candidato com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), chamam o Avante de partido de esquerda e afirmam que Fernando Borja chegou a iniciar conversas para ser o vice na chapa do candidato do PRTB, o que, na visão deles, invalidaria críticas feitas por apoiadores de Borja à candidatura de Bruno Engler.
Já quem apoia Fernando Borja tenta demonstrar que ele também é bolsonarista — fotos com o presidente Jair Bolsonaro, com o deputado federal Eduardo Bolsonaro e ministros como Ricardo Salles e Damares Alves são frequentes —, além de destacar o apoio dele entre os evangélicos. Na ofensiva, criticam a falta de experiência de Engler.
O líder do Endireita BH, Igor Silva, se apressa a vetar e desencorajar qualquer manifestação favorável a Bruno Engler no grupo administrado por ele. O Endireita BH é rompido com a Direita Minas, movimento coordenado por Engler e pelo deputado federal Cabo Junio Amaral (PSL-MG).
“Aqui no grupo não vai ter espaço para a Direita Minas, não vai ter espaço pro Engler. Se quiserem votar nele, votem. Cada um tem seu voto. [...] Bruno Engler o cara não tem preparo, não tem competência, nunca nem trabalhou na vida. O primeiro serviço dele é deputado estadual. Não dá pra ter um cara desses na prefeitura”, disse Silva, em um áudio no dia 19 de julho.
No último dia 29, o advogado Mariel Marra, que deve ser candidato a vereador na capital, publicou duas imagens no grupo. Uma delas mostra que o Avante, partido de Borja, declarou apoio a Ciro Gomes (PDT) nas eleições presidenciais de 2018. A outra traça uma espécie de linha do tempo do partido, cuja origem, pela imagem, é o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), fundado por Getúlio Vargas em 1945. Atualmente, o Avante integra o bloco partidário conhecido como centrão, que apoia o presidente Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados.
Um usuário respondeu Marra: “Ixi… bateu o desespero. Mariel apoiando Ursao?”. “Ursão” é o apelido pejorativo pelo qual os opositores de Bruno Engler se referem ao pré-candidato. Integrantes e apoiadores da Direita Minas são chamados de “DMentes”.
“Eu não estou apoiando o Bruno e você sabe disso, mas já que você falou isso pra mim, faço questão de te lembrar que até alguns poucos dias atrás seu candidato queria muito ser vice dele! Então o que aconteceu? Queriam ser vice do menino e agora vão dizer que ele não presta? Kkkkkk para com isso!”, respondeu Marra. A discussão sobre se Borja tentou ou não ser vice de Engler se estendeu por três horas madrugada adentro.
Em nota (disponível na íntegra ao final do texto), Fernando Borja disse que tem intimidade com Bruno Engler, “mas isso de ser vice dele não procede”. No entanto, alfinetou o pré-candidato e especulou Engler como vice da chapa dele. “É um jovem que começou agora. Talvez ele seria um bom nome para vice, até mesmo para entender melhor como funciona o Executivo”, disse.
Ele chamou de “fake news” dos assessores de Engler a informação que o Avante é de esquerda, afirmando que levou para o partido Marisa Lobo e Sérgio Harfouche, “cristãos conservadores como eu”. Por fim, disse que apoiou o governo Bolsonaro enquanto foi deputado federal em Brasília e sempre defendeu, em Belo Horizonte, projetos pela conservação da família.
Já a assessoria de Bruno Engler disse, em nota (disponível na íntegra ao final do texto), que ele e a Direita Minas jamais atacaram Fernando Borja. Segundo o texto, os ataques são feitos por grupos muito pequenos, que se dizem de direita, atacam o pré-candidato e o presidente Jair Bolsonaro e “se assemelham muito aos traidores, como Frota e Joice”.
“Criaram páginas em rede social como se fossem movimentos, e se intitulam líderes desses movimentos virtuais. Na verdade são líderes de si mesmos, não ocupam sequer uma van. Realmente não nos preocupa, eleitoralmente falando, são inexpressivos, não apenas em votos como em influência”, diz o texto.
Após a publicação da matéria, a página Endireita BH publicou uma nota em que afirma que o posicionamento inicial do grupo é de apoio a Fernando Borja e que está esperando a confirmação da candidatura dele.
"No caso de Bruno Engler, reafirmamos a ideia de imaturidade e despreparo do mesmo para a Prefeitura de Belo Hoirzonte, por isso não cogitamos o apoio. Caso Borja não se confirme nosso "plano B" é Rodrigo Paiva", diz o texto.
Confira a íntegra da nota enviada por Fernando Borja
"Ser vice do Engler: tenho intimidade com o Bruno Engler, mas isso dele ser meu vice não procede. É um jovem que começou agora. Talvez ele seria um bom nome para o futuro, até mesmo para ele entender melhor como funciona o Executivo, aprofundar o entendimento de gestão e administração.
Avante ser de esquerda: isso é Fake News dos assessores dele. Eu trouxe para o Avante a Marisa Lobo e o Sérgio Harfouche, que são cristãos conservadores como eu.
Apoio da direita: eu sou evangélico, entre direita e esquerda sou do alto! Deus acima de todos! Apoiei o governo Bolsonaro enquanto estive como deputado federal em Brasília. Sempre defendi em Belo Horizonte os projetos pela conservação da família e do direito da educação livre de doutrinação politica e partidária."
Confira a íntegra da nota enviada por Bruno Engler
"O Deputado Bruno Engler e a Direita Minas jamais atacaram o Borja.
Quanto a essas pessoas, são grupos muito pequenos que se dizem de direita, atacam o Bruno e o Presidente Bolsonaro, se assemelham muito aos traidores, como Frota e Joice. Criaram páginas em rede social como se fossem movimentos, e se intitulam líderes desses movimentos virtuais. Na verdade são líderes de si mesmos, não ocupam sequer uma van. Realmente não nos preocupa, eleitoralmente falando, são inexpressivos, não apenas em votos como em influência. Nenhum deles esteve conosco na campanha de 2018 e o Bruno teve 120 mil votos, e os candidatos deles? Foi assim em 2018, será assim neste ano. Vencendo ou não a eleição, qualquer um dos resultados não terá qualquer alteração por causa dessas pessoas.
Críticos do Presidente não nos preocupam, a direita no Brasil é o Bolsonaro."