Decepcionado com a falta de empenho de Anastasia, Dinis Pinheiro deve apoiar Zema
Insatisfeito com o tratamento recebido do concorrente à cadeira do Palácio da Liberdade Antonio Anastasia (PSDB), o candidato derrotado na eleição para o Senado na coligação do tucano, Dinis Pinheiro (Solidariedade), deve declarar, nos próximos dias, apoio ao nome de Romeu Zema (Novo) na disputa pelo segundo turno. Uma das principais reclamações do ex-presidente da Assembleia Legislativa seria a de que o colega de chapa, deputado federal Rodrigo Pacheco (DEM), foi quem recebeu toda a atenção da equipe do tucano e, por isso, saiu vitorioso no último domingo.
Outro fato que irritou Dinis Pinheiro foi o apoio informal de Anastasia ao jornalista Carlos Viana (PHS), que acabou ficando com a segunda cadeira no Senado. De acordo com um interlocutor próximo do ex-deputado, a “falta de empenho” da chapa com a candidatura de Dinis foi um ato de ingratidão pela relação que os dois tinham, desde a época em que ele era presidente da Assembleia, e Anastasia, governador. “Pelo acordo do DEM com o PSDB, o Pacheco foi obrigado a retirar a candidatura ao governo de Minas e colocou a faca no pescoço de Anastasia para estarem sempre juntos. Tanto é que, no final da campanha, só o Pacheco estava do lado dele nos atos políticos, e faltaram poucos votos para o Dinis ser eleito. Se o Anastasia estivesse com ele de verdade, teria ganhado”, contou uma fonte. A diferença para Viana foi de 317.483 votos.
Mas ações do candidato derrotado também irritaram a coligação Reconstruir Minas durante o período eleitoral. Isso porque o nome do Solidariedade gravou vídeos ao lado de adversários de Anastasia e do PSDB. Em algumas peças, Dinis aparece ao lado do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) – que era o principal alvo de críticas de Geraldo Alckmin, então candidato dos tucanos ao Palácio do Planalto. Em outro vídeo, ele aparece com João Batista Mares Guia (Rede), que disputou o comando do Estado e fez fortes críticas a Anastasia. “Se os próprios aliados não declararam apoio e não ajudaram a candidatura dele, ele ia ficar sentado esperando sem fazer nada?”, indagou um deputado que acompanha esse processo.
Diante desse quadro, um interlocutor contou ao Aparte que nomes que disputaram vagas nos Legislativos federal e estadual, prefeitos, vereadores e outras lideranças que faziam parte do arco de aliança do ex-presidente da Assembleia vão fazer campanha para Zema. “E nem é porque concordam com as ideias do candidato do Novo, mas sim porque consideraram uma falta de respeito abandonar Dinis no meio do processo eleitoral, pode-se dizer até mesmo que é uma espécie de vingança”, afirmou.
Em nota sobre a disputa pelo Executivo divulgada nessa quarta-feira (10), Dinis não declarou apoio a Anastasia nem a Zema. De acordo com o texto, a candidatura dele recebeu inúmeros apoios, inclusive de eleitores e candidatos de outros campos políticos. “A grave situação do nosso Estado exige mais do que nunca um governo competente e responsável, que conduza um Estado moderno, modesto e honesto, para corresponder à confiança e aos desafios da Minas Gerais sonhada por todos. No próximo dia 28, a vontade dos mineiros será referendada nas urnas e escolherá o próximo governador”, disse.
O posicionamento foi visto como um apoio indireto ao nome do Partido Novo, já que não se mostrou favorável ao tucano. Questionada se, nos próximos dias, deve apoiar publicamente Zema, a assessoria de Dinis disse que a postura dele continua sendo a da nota enviada e ressaltou que, em nível nacional, ele vai fazer campanha para Bolsonaro. Já a assessoria de imprensa de Anastasia não quis responder sobre o tema.
Pretensões
Janaina Paschoal, deputada eleita para a Assembleia Legislativa de São Paulo com votação recorde de mais de 2 milhões de votos, já pensa em voos mais altos. A advogada, uma das autoras do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016, já planeja disputar a presidência da Casa logo no início da legislatura, mesmo sendo novata. “Prefiro responder as coisas com verdade. Não por sede de poder, mas entendo que, a medida em que a população concedeu a mim tanta confiança, eu entendo que não posso deixar de me candidatar, porque é votação sem precedente. São Paulo me elegeu presidente mediante tantos votos. Se colegas vão corroborar essa vontade do povo paulista é outra história”, afirmou. A declaração foi dada em entrevista à rádio Jovem Pan, de São Paulo. Janaina também disse que não se arrependeu de não ter aceitado o cargo de vice de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa presidencial e que o posto de deputada estadual é o que quer completar até o fim.
Kalil rebate vereador
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), não gostou da declaração dada pelo vereador Gabriel Azevedo (PHS) ao Aparte nessa quinta-feira (11). De acordo com o parlamentar, Kalil eliminou do convívio todos aqueles que o cercavam durante a campanha. “O primeiro fui eu, em seguida foi Daniel Nepomuceno, depois foi Paulo Lamac (Rede), e agora é Iran Barbosa. Aliar-se a Alexandre Kalil é mesmo uma atitude de risco” ironizou Azevedo. Ao ler a declaração do partidário, o prefeito negou as informações. “O único que eu não quero perto é esse moço aí (Gabriel Azevedo), os outros não me fizeram nada, e eu também não fiz nada a eles”, teria afirmado o chefe do Executivo a um interlocutor. De acordo com a mesma fonte, Kalil se afastou de Azevedo justamente por ele criticar constantemente o vice-prefeito, mas mantém bom relacionamento com Barbosa e Nepomuceno.
Justiça cancela cessão
A 13.ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo declarou nula a eficácia da Lei 15.573/2012, que autorizava a concessão de imóvel da Prefeitura de São Paulo ao Instituto Lula, pelo prazo de 99 anos. A decisão acolhe ação civil pública movida pelo Ministério Público do Estado contra a prefeitura e o instituto por causa da área cedida à entidade no centro de São Paulo. Para a Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social, braço do Ministério Público, “o procedimento dos réus de facultar a divulgação de acervo de apenas um ex-presidente (Lula) sem lei municipal de incentivo a acervo presidencial constitui ferimento aos princípios da legalidade, igualdade e da democracia”.