
Aparte
Deputados do Novo são questionados sobre ida a protesto para abrir comércio
Parlamentares foram acusados de suposta incoerência, já que Minas Consciente, de Romeu Zema, também recomenda o fechamento

Após participarem de protestos na última segunda-feira contra o decreto do prefeito Alexandre Kalil (PSD) para um novo fechamento do comércio em Belo Horizonte como medida de enfrentamento ao coronavírus, parlamentares do Partido Novo foram questionados nas redes. O motivo foi uma possível incoerência, considerando que o programa Minas Consciente, do governo Romeu Zema (Novo), coloca a região Central do Estado na onda vermelha desde o dia 30 de dezembro.
A classificação vermelha, segundo o plano divulgado pelo Estado, também só permite o funcionamento dos serviços essenciais, o que, na prática, se configura na mesma medida adotada agora na capital.
Entre os políticos do partido estavam o vereador Bráulio Lara, o deputado estadual Bartô e o deputado federal Lucas Gonzalez. Pelas redes sociais, o deputado federal foi indagado por um internauta sobre o programa do governo estadual. “Você deveria ser coerente e se manifestar contra o Minas Consciente, feito pelo governador do seu partido e que tem fechado o comércio em várias cidades de Minas”, disse. O parlamentar respondeu que “onda vermelha não significa fechar comércio”. “O que significa serviços essenciais? Bar aberto? Tudo aberto?”, reagiu o internauta.
Em um tom mais agressivo, Bartô também foi cobrado pelas redes. O deputado se dispôs a ligar para o internauta para “conversar melhor”, mas deixou “bem claro que é independente e não apoia tudo do governo”, ainda que seja do mesmo partido. Ao ter o convite da ligação rejeitado e a resposta de que esperava uma legenda coesa “em um assunto tão importante”, Bartô argumentou que “não defende o Estado”, que o “Minas Consciente de fato gera uma certa restrição, mas está muito aquém do que estamos vendo em BH”. O parlamentar concluiu que “todo serviço que traz o pão para a mesa é essencial”.
Procurado pela reportagem, Gonzalez diz que a presença dos parlamentares do Novo não diz respeito ao que foi decidido sobre o fechamento, mas à forma com que o decreto foi feito. Para ele, antes de entrar na seara de Belo Horizonte fechar em 30 de dezembro, é necessário falar que, pelo mesmo programa Minas Consciente, a capital deveria reabrir em meados do ano passado, o que não foi seguido por Kalil. Indagado sobre a resposta dada ao internauta de que “onda vermelha não significa fechar comércio”, Gonzalez manteve o entendimento e afirmou que “onda vermelha é adaptar em caráter de urgência”. “O que é urgência e emergência, há que ser discutido. Urgência não significa fechar, muito menos o que fez a prefeitura, em tempo indeterminado”, concluiu.
Já Bráulio Lara disse que a manifestação foi baseada em números da Secretaria Municipal de Saúde, que reduziu o número de leitos disponíveis para a Covid-19 e que o lockdown é uma medida extrema. Indagado então sobre como vê a capital mineira não cumprir a orientação de fechamento do governo estadual desde o dia 30, Lara afirmou que “o município é que direciona a partir de adesão ao protocolo ao programa”. “Mas sou vereador de BH. Não vou entrar em informação que não tenho competência”, pontuou.
Procurados, o deputado estadual Bartô, o governo de Minas e a Prefeitura de Belo Horizonte não se manifestaram.
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