A declaração do prefeito Alexandre Kalil (PSD) na quinta-feira (15), ao apresentar o projeto Auxílio Belo Horizonte e pedir que os vereadores não façam emendas ao texto ou aumentem o valor para que a proposta tramite rápido, repercutiu mal entre alguns parlamentares, principalmente os que integram a oposição ao governo. Segundo alguns políticos, o Legislativo não vai se furtar da sua função, e, se necessário for, sugestões serão apresentadas ao projeto.
O vereador Juliano Lopes (Agir), que é oposição a Kalil, afirmou que o prefeito “não tem que falar o que um vereador tem que fazer”. Lopes disse que vai analisar o projeto – que não chegou à Câmara ainda – e que, se ele e os demais vereadores entenderem que o texto carece de melhorias, emendas serão feitas, mas ressaltou que não será com o intuito de atrapalhar a tramitação.
Wesley Autoescola (PROS), também opositor ao governo, disse não ver dificuldades na aprovação do texto, mas acredita que vereadores não só da oposição queiram propor sugestões ao projeto.
“Acho um absurdo o prefeito falar em celeridade e para isso a prerrogativa ser vereador não colocar emenda. Pode ter celeridade com reunião extraordinária, mas não com a retirada do direito do vereador. Se fizer análise da Câmara Federal, o presidente queria um valor, a Câmara propôs outro. No estadual, houve esse embate também. Em todas as camadas teve atritos, aqui não diria atritos, mas essa busca de melhoria”, disse.
Rubão, vereador do PP, que é o partido de maior disputa política com o prefeito atualmente, afirmou que não interfere no trabalho do Executivo e ressaltou que emendas são instrumentos do Legislativo. Ele ainda disse não ter compreendido a "necessidade de uma coletiva de imprensa para anunciar o auxílio e ameaçar os vereadores".
Outros vereadores ouvidos pelo Aparte sob anonimato pontuaram que o valor de R$ 100 por seis meses era baixo e que poderiam propor aumento dele. Na reunião que teve com os parlamentares, Kalil disse que não era possível essa majoração por falta de condições e que o valor estimado para o benefício – R$ 140 milhões – já estava separado.
Atualmente na Câmara há um projeto apresentado por vereadores da esquerda que estipula o auxílio mensal de R$ 600. O prefeito pediu que esse projeto fosse retirado de pauta.
Bella Gonçalves (PSOL), uma das signatárias do texto, disse que os critérios e o número de pessoas contempladas na ideia da prefeitura são melhores que os apresentados pelos parlamentares, mas que o valor é menor. Questionada sobre como a esquerda deve agir, Bella afirmou que ainda não debateram sobre o tema.
O líder do maior bloco da Casa, Wanderley Porto (Patriota) afirmou que o grupo, até o momento, não vai apresentar emendas porque o governo deixou claro que o valor é esse. “Se aumentarmos, o que seria o ideal, não vai adiantar, porque não tem o recurso maior”, pontuou.
A projeção do líder de governo, Léo Burguês (PSL), é que o texto seja aprovado em dois turnos até o início do mês que vem. Essa projeção foi vista como “otimista demais” por alguns políticos. O cálculo feito é que o texto demore uma semana a cada comissão que passar. A proposta deve ser analisada por até quatro comissões antes de ir a plenário. Se receber alguma emenda, tem que voltar aos colegiados, caso contrário, pode ser apreciado em dias seguidos em dois turnos.