Sem acordo

Após ato, agentes de segurança ameaçam parar no Carnaval

Proposta do governo para pagar 80% do 13º salário em maio foi rechaçada pelos manifestantes

Por Lucas Henrique Gomes
Publicado em 23 de fevereiro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Após um dia de protestos, policiais civis, militares, bombeiros, agentes socioeducativos e penitenciários rejeitaram nessa sexta-feira uma proposta do Estado para o pagamento, em maio, de 80% do 13º salário devido desde a gestão de Fernando Pimentel (PT). O restante seria pago em junho. Além disso, os agentes da segurança querem manter os atos e ameaçam até cruzar os braços durante o Carnaval, na próxima semana.

Um dos líderes do movimento, coronel Domingos Sávio de Mendonça, afirmou que, até o momento, quem esteve envolvido mais ativamente nas manifestações foram militares da reserva, mas a situação mudou ontem, com a resposta do governo.

“Até agora nós preservamos os policiais militares da ativa desse movimento. Mas eles esperavam uma resposta positiva de Romeu Zema hoje (ontem). Como Zema deu foi um tapa na nossa cara, eu acredito que nós vamos partir para um estado de greve, com possibilidade de paralisação sim, inclusive no Carnaval”, afirmou.

Coronel Mendonça afirmou ainda que a revolta ocorreu porque somente os funcionários do Executivo estão sendo penalizados, enquanto os servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário estão com os salários em dia, inclusive o13º. “Se fosse a mesma regra para todos, nós não estaríamos reclamando. Se hoje nós paramos essa rodovia, amanhã nós vamos parar o Estado inteiro”, finalizou, destacando que os agentes podem acampar em frente à casa do governador, no bairro Bandeirantes, na próxima semana. 

A proposta do Estado rejeitada pelos servidores foi feita em uma reunião entre o governador Romeu Zema (Novo), secretários e parlamentares ligados ao setor. Enquanto o encontro era realizado, manifestantes que protestavam na Cidade Administrativa fecharam a MG–010, que ficou bloqueada das 18h30 às 20h30 – nos dois sentidos. O protesto só foi encerrado após discussão entre os próprios manifestantes.

Um interlocutor do governo apontou que a reunião correu sob clima de tensão e que a proposta do governo acabou sendo antecipada após o risco de uma tragédia. Em um momento de impasse, o comando da PM cogitou usar a tropa de choque para desocupar a pista, mas informantes da polícia apontaram a existência de muitos manifestantes armados no local. Foi nesse momento que o governador interviu para antecipar a proposta. 

Por ela, o pagamento continuaria nos moldes atuais até maio, quando haveria o pagamento de 80%, com o restante sendo quitado no mês seguinte. Isso valeria apenas para os servidores da segurança pública. O restante do continuaria com o 13º parcelado em 11 vezes.

“A gente sabe que esse pagamento deveria ter acontecido em dezembro, mas infelizmente foi feita essa tragédia aí com o governo anterior e a agora a bomba caiu na mão do governador. Como foi dito na reunião, a viúva está aí, ele casou com a viúva e a obrigação dele agora é cuidar dos filhos”, disse o deputado federal Cabo Junio Amaral (PSL), um dos parlamentares que participaram da reunião. 
Além dele, estiveram presentes os deputados estaduais Bruno Engler (PSL), Coronel Sandro (PSL), Sargento Rodrigues (PTB) e Delegado Heli Grilo (PSL), e os federais Lincoln Portela (PR), Léo Mota (PSL), Subtenente Gonzaga (PDT), Igor Timo (Podemos) e Alê Silva (PSL).

Multa

Após um pedido do governo de Minas, a 4º Vara da Fazenda Pública e Autarquias determinou aplicação de multa de R$ 50 mil a cada hora de pista bloqueada. De acordo com o Estado, houve quebra de um acordo por parte dos manifestantes.

"O governador fez questão de receber representantes do movimento para escutar as demandas da categoria e explicar sobre a situação financeira complicada que o Estado passa", destaca o governo.

"O governador Romeu Zema solicitou aos organizadores que a manifestação não afetasse a população, principalmente o direito de ir e vir. No entanto, este combinado foi quebrado pelos manifestantes, que fecharam a rodovia MG–10. Com a quebra do acordo que gera prejuízos à população, foi determinada a aplicação de multa de R$ 50 mil às lideranças do movimento por hora de interrupção do trânsito”, completa a nota do governo.

Após liberar a MG–010, Coronel Mendonça disse que pagará a multa se ela tiver mesmo que ser paga.

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