Após idas e vindas, recuos de Romeu Zema (Novo) e resistência por parte de conselheiros, as indicações para a composição do Conselho Administrativo e a direção da Copasa continuam rendendo discussões nos bastidores. Após acenar em um primeiro momento para o nome de Ricardo Simões, ex-presidente da estatal e ligado a grupos tucanos, Zema voltou atrás, e o nome da vez é o do engenheiro Carlos Eduardo Tavares de Castro, que era diretor da empresa Saneamento Ambiental Águas do Brasil (Saab) desde janeiro de 2012 e deixou o cargo no início do mês, como antecipou O TEMPO.
A indicação de Castro, entretanto, acirrou a briga entre pessoas ligadas ao PSDB e ao MDB. Enquanto um grupo de tucanos se revolta com a perda da presidência da Copasa e pleiteia ao menos um cargo de direção, emedebistas batem o pé e dizem que não aceitam ceder a cadeira.
Aqueles ligados ao MDB, inclusive, já acenam com um nome para a vaga requerida pelos tucanos, que seria André Borges, também ligado ao partido.
Apesar das rixas nos bastidores, parlamentares ouvidos pelo Aparte negam os desentendimentos. O deputado estadual Gustavo Valadares (PSDB) refutou a discussão entre as siglas e afirmou que o partido nunca pediu cargo no governo de Romeu Zema, incluindo a presidência da Copasa. “Essa história com o MDB é mentira. Sobre o nome que vem da Águas do Brasil (Carlos Eduardo Tavares de Castro), eu fiquei sabendo disso pela imprensa e não sei o nome do indicado. Sei apenas que é um diretor que já até saiu da empresa, mas, se passar na minha frente, não sei quem é”, argumentou.
O emedebista Sávio Souza Cruz desmentiu o desentendimento entre integrantes dos dois partidos em relação às vagas na estatal. Em contato com a coluna, o deputado, inclusive, disse não ter conhecimento sobre a ligação de Castro com o MDB.
O preferido de Zema para presidir a estatal integra a ala itamarista do MDB em Juiz de Fora, na Zona da Mata. O grupo ligado ao ex-presidente Itamar Franco já comandou a Copasa entre 1999 e 2002, com Marcelo Siqueira.
A ligação entre Castro, o MDB e a família Siqueira ficou mais evidente nas eleições do ano passado. O então diretor da Águas do Brasil doou R$ 30 mil para a campanha de Bruno Siqueira, filho de Marcelo Siqueira, que tentou uma cadeira na Assembleia Legislativa. A briga de poderes tem colocado o governo em saia justa, já que o Executivo tem tentado não desagradar a nenhum dos dois lados.
Procurado pela coluna, Castro afirmou que não vai se manifestar sobre quaisquer assuntos ligados à Copasa antes do dia 1º de julho, data em que está agendada a reunião do conselho, que deve aprovar o nome dele para a presidência. O Aparte também tentou contato com Marcelo Siqueira, mas, ao ligar na casa do emedebista, uma pessoa disse que, por problemas de saúde, ele não conseguiria atender.