A Procuradoria Geral da República (PGR), sob o comando de Augusto Aras, desarquivou a negociação da delação premiada do advogado Rodrigo Taclan Duran, que tem entre os alvos um amigo do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. A informação é do jornal "O Globo".
As acusações de Duran de que havia pagado proprina ao advogado Carlos Zucolloto já haviam sido rejeitadas pela Lava Jato, em 2016, e pela própria PGR, em 2018. Após a decisão de Aras, Moro divulgou nota em que se disse perplexo.
Taclan Duran é apontado como operador financeiro da Odebrecht e diz ter pago US$ 5 milhões a Zucolotto em troca de obter condições favoráveis na negociação de sua delação com a Lava Jato. Entre essas vantagens estariam a diminuição de uma multa de R$ 55 milhões.
Réu em diversas ações movidas pela Lava Jato, ele deixou o país para não ser preso. Sua delação, porém, não foi aceita pois, segundo a Lava Jato e a PGR na época comandada por Raquel Dodge, não foi comprovada a prática de qualquer crime.
Agora, com o desarquivamento proposto por Aras, procuradores e aliados de Moro apontam haver uma retaliação por parte do chefe da PGR, que foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, com quem Moro se desentendeu, o que culminou com sua saída do governo.
O próprio Moro divulgou nota repudiando a reabertura do caso e afirmando que, no passado. "relato não verdadeiro prestado por acusado foragido do país teve o destino apropriado: o arquivamento."
"Causa-me perplexidade e indignação que tal investigação, baseada em relato inverídico de suposto lavador profissional de dinheiro, e que já havia sido arquivada em 2018, tenha sido retomada e a ela dado seguimento pela atual gestão da Procuradoria Geral da República logo após a minha saída, em 22 de abril de 2020, do governo do presidente Jair Bolsonaro”, disse Moro.
Ao jornal "O Globo", a PGR não quis comentar o eventual uso político da delação. O órgão informou que não se manifesta sobre "supostos acordos de colaboração em andamento", porque são sigilosos.