A bancada federal do PSD de Minas Gerais quer que o diretório estadual apoie a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Os parlamentares federais defenderam esta posição em reunião com o senador Alexandre Silveira (PSD), que também é o presidente da legenda em Minas. O encontro, ocorrido na quarta-feira (20), foi revelado pela Itatiaia e confirmado por O TEMPO.
“Os quatro deputados têm mais afinidade com o campo de centro-direita. Mais afinidade com o presidente Bolsonaro do que com o Lula. E aí ficamos incomodados com essas insinuações de que o partido caminharia com a esquerda. O primeiro ponto é esse”, disse o deputado federal Diego Andrade (PSD). Além dele, a bancada do PSD-MG em Brasília é formada pelos deputados Misael Varella, Stefano Aguiar e Subtenente Gonzaga. A reportagem tentou contato, mas não conseguiu falar com os três parlamentares.
O movimento expõe uma divisão no PSD. Pré-candidato ao governo de Minas, Alexandre Kalil (PSD) negocia uma aliança com o ex-presidente Lula (PT) e tem se aproximado de integrantes do partido.
Além de ter se encontrado recentemente com Lula em São Paulo, Kalil viajou para Pirapora, no Norte de Minas, na última quarta-feira (20) acompanhado dos deputados Virgílio Guimarães (PT), Leninha (PT) e Paulo Guedes (PT). O objetivo da visita foi apresentar a pré-candidatura de Kalil para a população do interior, onde o ex-prefeito de Belo Horizonte é menos conhecido.
“O segundo ponto é que a nossa candidatura majoritária prioritária é a do senador Alexandre Silveira. Ele que é o fundador do partido com a gente, está há mais de 10 anos no partido, e está com mandato de senador. Não podemos abrir mão dele”, acrescentou Diego Andrade.
Questionado sobre como ficaria a campanha de Kalil, que é crítico à administração de Bolsonaro, caso o PSD apoie a reeleição do presidente, ele respondeu: “Meu compromisso é com a reeleição de Alexandre Silveira para o Senado”.
O principal nó a ser desatado para a aliança entre Lula e Kalil ser fechada é que o PT também tem pré-candidato a senador: o deputado federal Reginaldo Lopes. A O TEMPO nesta semana, o petista indicou que não vê problemas em que a chapa de Kalil tenha dois candidatos ao Senado, embora, nesta eleição, haja apenas uma vaga em disputa.
“A legislação permite dois candidatos. Não estou pedindo ao Kalil para retirar o candidato dele. Pode continuar o Alexandre Silveira, eu não faço questão”, declarou Reginaldo Lopes
Apesar da abertura dele ao cenário de palanque duplo, uma ala do PSD é resistente a este arranjo político. A avaliação é que é possível uma aliança com Lula, mas com apenas um candidato ao Senado. Um dos argumentos utilizados é que, como já tem mandato como senador, Silveira tem a prerrogativa de disputar a reeleição sem ter que dividir espaço com outro candidato.