Eleições

Base na ALMG, aliados de Zema serão adversários pela PBH

Quatro dos cinco partidos que apoiam o governador no Legislativo vão lançar candidatos na capital. Siglas minimizam o enfrentamento nas urnas e garantem unidade em votações

Por Sávio Gabriel
Publicado em 03 de agosto de 2020 | 03:00
 
 
 
normal

Aliados em âmbito estadual, quatro partidos que compõem a base de apoio do governador Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) serão adversários na disputa à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). O bloco, que em termos de composição partidária é o menor do Legislativo, com apenas cinco legendas, não deve sofrer os impactos da disputa em nível municipal, de acordo com lideranças ouvidas por OTEMPO. O discurso é de que a corrida à principal prefeitura do Estado não vai interferir na aliança construída. 

Fazem parte do bloco de governo, além do próprio Partido Novo (que será representado na disputa por Rodrigo Paiva), o PSDB (que lançará a ex-secretária adjunta de Planejamento e Gestão do Estado Luisa Barreto), o Avante (cujo pré-candidato é o vereador da capital Fernando Borja), assim como o Solidariedade, que apostará no nome do deputado estadual – e membro da base de Zema na ALMG – Wendel Mesquita. O PSC é o único que, até o momento, não apresentou candidatura própria à prefeitura da capital mineira. 

Os líderes partidários apontam que a situação não trará nenhum tipo de constrangimento aos seus pré-candidatos durante a disputa nem significa uma mudança em relação às alianças das siglas com o Palácio Tiradentes. “Não tem nenhum empecilho em relação ao nosso apoio, da nossa bancada estadual, aos projetos do governador. Até porque o próprio governo nunca teve reunião com os partidos, não definimos ações estratégicas em relação às eleições municipais”, disse o deputado federal Zé Silva, presidente do Solidariedade em Minas. 

Presidente do PSDB em Minas, o deputado federal Paulo Abi-Ackel classificou o cenário como “paralelas que não se cruzam” e diz que essa diferença (aliados em âmbito estadual e adversários em contexto municipal) é decorrente do próprio sistema político nacional. “É da dinâmica partidária, num país em que infelizmente tem uma imensa quantidade de partidos e não há uma verticalização de posições políticas, como seria adequado imaginar no sistema brasileiro”, avaliou, reforçando que os tucanos seguem na base de governo – inclusive liderando o bloco de apoio a Zema na ALMG. 

O presidente do Partido Novo em Minas, Ronnye Antunes, admite que as articulações poderão ser “um pouco impactadas pela eleição municipal de Belo Horizonte”, mas ele ressalta que esse reflexo não deverá ser em um nível que possa comprometer as alianças estaduais. “O partido acredita que as articulações do governo poderão ser um pouco impactadas pela eleição municipal de Belo Horizonte, mas nada que possa comprometer as bases na Assembleia”, explicou, sem detalhar que impactos poderiam ser esses. 

Além disso, o dirigente do partido de Zema esclareceu que o Novo interfere pouco na articulação do governador com suas bases. “O Novo é o único partido em que seus candidatos e mandatários não participam da gestão partidária, e por esta razão o partido pouco interfere na gestão do governo, que acaba mais livre para articular com suas bases”, explica. 

Possíveis farpas na campanha

Entre os aliados do governo que vão disputar a Prefeitura de Belo Horizonte, a situação do PSDB é a que mais chama a atenção. Isso porque o partido segue liderando a base aliada na Assembleia Legislativa e a pré-candidata tucana, Luisa Barreto, deixou o governo Zema em junho para se lançar à disputa. 

Ex-secretária adjunta de Planejamento e Gestão, ela não vê constrangimento em ter um candidato do Novo como seu adversário. “Não vejo qualquer tipo de constrangimento ou trava. O que vou apresentar são propostas para Belo Horizonte. Os demais candidatos, incluindo o do partido Novo, vão fazer um debate saudável”, explicou.

Já Rodrigo Paiva, pré-candidato pelo Novo, tem uma percepção um pouco diferente e diz que sua campanha vai “apontar todas as falas e incongruências de quem quer que seja”. “Vamos apontar o que é a coisa certa, que é dar dignidade ao belo-horizontino. O que tivermos de apontar (em relação aos demais candidatos) vamos apontar”.

Nos bastidores, a leitura é de que tanto a candidatura do Novo quanto a do PSDB vão atacar a administração do prefeito Alexandre Kalil (PSD), que tentará a reeleição. “Se porventura as siglas tiverem que disputar o mesmo eleitorado, farão de maneira que não comprometa a aliança (no Estado)”, resumiu um tucano.

Secretário acredita que grupo vai se manter 

O secretário de Governo de Minas, Igor Eto (Novo), não acredita que a disputa municipal possa impactar a aliança dentro da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

“Tenho feito contato frequente com os parlamentares e percebo que grande parte deles está aberta às demandas do governo de Minas, caminhando conosco na construção de uma base de apoio sólida”, disse o gestor, em nota. 
Sobre o caso específico do PSDB, o titular da Segov também afirmou que não haverá mudanças nas articulações junto aos tucanos. 

“Nada muda. Tenho enorme respeito pela pré-candidata Luisa Barreto e reconhecemos os importantes serviços prestados por ela no período em que esteve no governo estadual”, explicou. 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!