Braço direito de Barbosa, substituto deve manter perfil da Secretaria de Fazenda

Apesar da saída de Gustavo Barbosa da Secretaria de Fazenda, a postura do governo Romeu Zema (Novo) nas discussões com o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para renegociar a dívida de cerca de R$ 162 bilhões com a União deve permanecer a mesma. Ao menos para interlocutores ouvidos por O TEMPO, a provável chegada do adjunto Luiz Claudio Gomes, que deve ser oficializada na próxima semana, manterá o perfil da Secretaria de Fazenda, onde chegou justamente pelas mãos de Barbosa.

Uma fonte ligada ao núcleo-duro do governo Zema crê que, com Luiz Claudio, o perfil da Secretaria de Fazenda deve “mudar muito pouco”. “Depois de um tempo, pode até mudar, mas, inicialmente, acho que não muda nada”, observa, reservadamente. Desde que teria comunicado “há meses” ao governador e ao vice Mateus Simões (Novo) a intenção de sair, Barbosa já estaria preparando o adjunto em uma transição para substituí-lo. 

Outro interlocutor questiona por que a postura do governo nas discussões com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) mudaria, já que Barbosa e Luiz Claudio teriam o perfil parecido. “O Gustavo vai continuar perto do governo e o Luiz Claudio é um braço direito dele. Sempre foi próximo a ele”, aponta. Como Barbosa será assessor especial de Simões na vice-governadoria, há quem avalie que o secretário, mesmo fora da Fazenda, irá manter a influência na secretaria.  

Luiz Claudio acompanha o secretário desde quando Barbosa foi presidente do Fundo Único de Previdência Social do Rio de Janeiro (Rioprevidência), entre 2010 e 2016. Durante o período, o adjunto foi diretor de Administração e Finanças do Rioprevidência. Em seguida, após Barbosa deixar a Secretaria de Finanças e Planejamento do Rio de Janeiro, em 2018, ele assumiu a subsecretaria geral de Fazenda e Planejamento do governo Luiz Fernando Pezão.

Um deputado estadual afirma que, antes mesmo de Barbosa comunicar a saída, Luiz Claudio já fazia as vezes de secretário de Fazenda, uma vez que o titular ia semanalmente a Brasília para discutir com a STN a adesão ao RRF. “É ele quem toca o dia a dia da secretaria. Na maioria das audiências na Assembleia Legislativa, era Luiz Claudio que vinha. Gustavo vinha nas audiências mais importantes”, considera o parlamentar, que pediu anonimato à reportagem.

Inclusive, parte da Assembleia tem a expectativa de que Luiz Claudio seja mais habilidoso politicamente do que Barbosa, que, quando ia às audiências públicas, sobretudo aquelas para discutir a adesão ao RRF, colecionava atritos com deputados estaduais. “O que se pode fazer de questionamentos à postura dele é pela oposição”, rebate um deputado da base do governo Zema. “Nós, da base, tínhamos plena confiança no trabalho dele.”    

Outro, que também é da base do governo, no entanto, afirma que, quando Barbosa precisou de “habilidade política” para lidar com os parlamentares, “não demonstrou ter”. Um dia após a saída, ouviu-se nos corredores da Assembleia uma comparação do secretário à secretária de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto, que, vira e mexe, é convidada para participar de audiências públicas. “Luísa vem e responde tudo tecnicamente. Barbosa é mais ríspido.”   

Luiz Claudio não seria o primeiro adjunto a ser efetivado como secretário. Em agosto de 2022, Igor de Alvarenga, então adjunto de Julia Sant’Anna, assumiu como secretário de Educação e foi bancada mesmo em meio às especulações em torno do então deputado federal Thiago Mitraud (Novo) e da então deputada estadual Laura Serrano (Novo). Antes, em 2021, Fernando Passalio, também adjunto à época, assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico após Cássio de Azevedo deixar o posto.