A conclusão do inquérito por parte da Polícia Civil em relação às ameaças recebidas por vereadores da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Belo Horizonte desagradou a presidente Nely Aquino (PRTB) e o vice-presidente Jair Di Gregório (PP). Segundo o delegado Wagner Sales, chefe da 1ª Delegacia da região Leste, "tecnicamente" Nely não sofreu ameaça, embora ela tenha se sentido ameaçada. Em entrevista a O TEMPO, ambos confessaram que “esperavam mais” da investigação.
A presidente afirmou, inclusive, não entender como os investigadores não concluíram pela ameaça sofrida. “Eu não consegui entender porque a partir do momento que na véspera de uma cassação num momento tenso, onde eu passei meses sofrendo pressões e ameaças, recebo vídeos com meu filho sendo que já desconfiávamos que ele estava sendo seguido e no áudio a pessoa narra ‘filho da vereadora Nely’, ou seja, me mostrando que conhecia a rotina do meu filho, isso pra mim é ameaça sim e eu continuo me sentindo ameaçada até hoje. Pra mim, só tem dois segmentos que filmam. Ou é polícia ou é bandido. Se a intenção era denunciar, não deveria ter mandado esses vídeos pra mim na véspera da cassação, deveria apresentar à Polícia Civil, Ministério Público e aos órgãos fiscalizadores”, declarou.
Nely disse não ter ficado totalmente insatisfeita com a conclusão porque ficou comprovado que as ameaças partiram de assessores do vereador Cláudio Duarte, como ela já havia dito no dia da votação que cassou o parlamentar. “Entretanto, acredito nas instituições e o processo ainda vai passar tanto pelo Ministério Público e pelo Judiciário, vamos aguardar a finalização”, disse.
Já o vereador Jair Di Gregório afirmou que esperava o indiciamento de mais pessoas. “É uma pena que pelo o que eu estou vendo, só indiciou o assessor, na verdade tinha que indiciar também mais alguém, quem sabe até o ex-vereador porque é gente ligada a ele, aí eu entendo que veio de um núcleo a ameaça, mas a delegacia fez o trabalho dela e mais uma vez volto a cobrar uma reforma do Código Penal no Brasil porque o cara ameaça, fala que vai matar, em alguns casos mata e não acontece nada, como no Rio de Janeiro no caso da Marielle”, disse à reportagem.
Embora tenha declaro que “esperava mais” indiciamentos e uma pena pesada para os responsáveis, Di Gregório disse confiar na Justiça e aguarda os próximos passos.