Congresso Nacional

Com PP e Republicanos no governo, Lula deve somar cerca de 320 votos na Câmara

A estratégia, no entanto, não é garantia de apoio integral de todos os parlamentares dos partidos que, nas últimas eleições, formaram coligação com PL de Bolsonaro

Por Lucyenne Landim
Publicado em 08 de setembro de 2023 | 13:07
 
 
 
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Depois de longas negociações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou uma minirreforma ministerial. A intenção foi agradar partidos do chamado Centrão e, com isso, tentar ampliar a base governista em votações no Congresso Nacional. A estratégia, no entanto, não garantirá apoio integral do PP e do Republicanos, novos partidos que compõem o governo.

Na última quarta-feira (6), foram anunciados para o primeiro escalão do governo Sílvio Costa Filho, do Republicanos, como ministro de Portos e Aeroportos, e André Fufuca, do PP, como ministro do Esporte. Deixaram os cargos, respectivamente, Márcio França e Ana Moser. França será reacomodado na recém-criada pasta de Micro e Pequenas Empresas.

Tanto Sílvio Costa Filho, quanto André Fufuca têm mandatos de deputado federal e devem pedir licença do cargo. O futuro chefe de Portos e Aeroportos deve, inclusive, se afastar da função como 1º Tesoureiro na Executiva Nacional do Republicanos. 

Em uma análise numérica, o Republicanos conta com 45 parlamentares federais (quatro senadores e 41 deputados), enquanto o PP tem 55 lugares no Congresso (seis senadores e 49 deputados). Em um cálculo realista, a aposta é que metade desse total de 100 parlamentares faça a chamada "oposição inteligente", ou seja, acompanhe o governo na votação de projetos específicos. Estão na lista aqueles com apelo nacional e os de não caráter ideológico.

Há, no entanto, visões mais otimistas. Interlocutores garantem que dentro do Republicanos, por exemplo, cerca de 90% da bancada está disposta a manter uma postura de independência. Com isso, avaliar propostas de interesse governista e, a depender da análise, abrir mão de um voto diretamente contrário.

Avaliação

O deputado Euclydes Pettersen, que preside o Republicanos em Minas Gerais, avaliou que a sigla tem maioria conservadora e de centro-direita e que isso não deve mudar. Mas, segundo ele, essa posição de independência deve ganhar forma. "Os projetos que são favoráveis ao Brasil, nós vamos votar de forma favorável, independente se vêm do Lula ou de outro partido. A grande maioria vai se manter assim", disse.

Com a mudança na Esplanada dos Ministérios, Lula passa a ter 11 partidos integrando cargos no governo. Além do PP e do Republicanos, estão na lista o PT - sigla do mandatário -, PDT, PSOL, PCdoB, Rede, MDB, PSB, PSD e União Brasil. Só na Câmara, as legendas somam 389 deputados. Mas a redução dos dissidentes pode deixar Lula com uma margem segura de cerca de 320 votos (mais da metade do total de 513).

PP e Republicanos formaram coligação com o PL de Bolsonaro
Apesar de estarem, agora, na base do governo Lula, o PP e o Republicanos formaram coligação com o PL nas eleições de 2022. A sigla abrigou o ex-presidente Jair Bolsonaro, que perdeu o pleito no segundo turno. Lula e Bolsonaro são adversários políticos declarados, e a nova composição ministerial reforça o papel dos dois partidos no Centrão.

O PL também enfrentou dissidência quando recebeu Bolsonaro, em novembro de 2021. Pelo menos sete deputados deixaram a agremiação pela falta de identificação política ou ideológica com o ex-presidente. Em contrapartida, o PL recebeu dezenas de políticos que possuem identificação com o campo ideológico a que o ex-presidente representa.

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