O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), citou em seu discurso na sessão solene de abertura do Ano Legislativo, nesta segunda-feira (5), a importância da regulamentação da Inteligência Artificial (IA) e das redes sociais.
A cerimônia, conduzida por Pacheco, aconteceu sem a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, contou com a participação do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), do vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin, bem como dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais).
"É imperativo avançarmos na regulação da inteligência artificial e das plataformas de redes digitais, principalmente quanto à imposição de responsabilidades na veiculação de informações, a fim de mitigar externalidades negativas e potencializar benefícios à sociedade de tecnologias com potencial disruptivo exponencial", sinalizou.
Além disso, durante o seu discurso, Pacheco relembrou os atos do 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas, em Brasília. Ele afirmou: "o Legislativo foi atacado. Se faz necessário defender as liberdades. Liberdade de expressão que não se confunde com liberdade de agressão".
O presidente do Senado também comentou sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita decisões monocráticas (individuais) e mandatos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Combateremos privilégios e discutiremos temas muito relevantes, como decisões judiciais monocráticas, mandatos de ministros do Supremo Tribunal Federal e reestruturação de carreiras jurídicas, considerando as especificidades e a dedicação exclusiva inerentes ao poder Judiciário. "
Ao longo do recesso legislativo, Pacheco foi cobrado pela oposição por uma postura mais firme contra as operações da Polícia Federal (PF) que miraram parlamentares próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como os deputados federais Carlos Jordy e Alexandre Ramagem, ambos do PL do Rio de Janeiro.
Oposicionistas acreditam ser alvo de “perseguição política” pelo governo Lula e pelo STF, que é quem autoriza os mandados da PF. Mas, nos bastidores, o presidente do Senado Federal já sinalizou que “não vai ceder a essa pressão”. Ao mesmo tempo, Pacheco quer que avance na Câmara a PEC que limita as decisões monocráticas de ministros do Supremo. O texto foi aprovado no Senado no final de 2023.
Para este ano, a pauta relacionada à Corte, que provoca atritos com o Judiciário, deve continuar avançando. Estão no radar de Pacheco e da oposição, propostas como a fixação de mandatos para ministros do STF, em contraposição à regra atual que permite que os membros da Corte permaneçam até completar 75 anos de idade, e medidas que ajudem a reduzir a quantidade de ações protocoladas por partidos políticos no Supremo.
Rodrigo Pacheco também já indicou que quer avançar, ao longo do ano, com a regulamentação da reforma tributária. Após a promulgação da PEC que altera o sistema de tributos, no fim do ano passado, pelo menos 71 dispositivos da nova regra precisam ser melhor detalhados em lei. A expectativa é que em cerca de 60 dias, o Ministério da Fazenda envie os projetos ao parlamento.
Ainda na pauta econômica, governo e Congresso terão de resolver, nas próximas semanas, o impasse em torno da desoneração das folhas de pagamento para os 17 setores que mais empregam na economia brasileira. Após o Congresso ter prorrogado a regra até 2027, Lula enviou uma Medida Provisória (MP) que prevê uma “reoneração”. A iniciativa irritou o Legislativo e corre risco de ser derrotada.
Também foram apontados como prioritários por Pacheco a regulamentação do uso da inteligência artificial, projeto apresentado no fim do ano passado; o novo Código Eleitoral, que tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ); e a revisão do Código Civil, que ainda está sendo debatida por uma comissão de juristas, cujo trabalho deve ser concluído em abril deste ano.