Leo Índio, primo dos filhos de Bolsonaro, assume cargo do PL no Senado

Leonardo Rodrigues de Jesus, primo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro e mais conhecido como Leo Índio, foi nomeado para trabalhar no gabinete da liderança do PL no Senado Federal. O local serve de base para os senadores abrigados pela mesma sigla que filiou o presidente da República no último dia 30 de novembro, inclusive o filho 01, senador Flávio Bolsonaro (RJ), que assinou ficha no partido no mesmo dia que o pai.

Leo Índio é filho de Rosimeire Nantes, irmã de Rogéria Nantes, que é mãe dos três filhos políticos do presidente – além de Flávio, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos).

A negociação para o novo cargo público de Leo Índio, no entanto, foi anterior à filiação de Bolsonaro. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União em 29 de outubro e ele tomou posse em 4 de novembro para o cargo de auxiliar parlamentar júnior, que possui salário bruto mensal de R$ 5.735,93, além do auxílio alimentação no valor de R$ 982. A carga horária é de 8 horas diárias e mais uma para almoço.

A reportagem de O TEMPO questionou o gabinete da liderança do PL no Senado sobre a nomeação de Leo Índio, que informou que ele possui a função de assessor de relações institucionais, “promovendo a interlocução entre ministérios, associações civis e gabinetes legislativos com o gabinete da liderança, cuidando de agendas e eventos”.

Ao ser questionada se Leo Índio teve a indicação de algum parlamentar para o cargo, a liderança do PL não negou, apenas afirmou que “ele já tinha experiência em assessoria parlamentar. Veio antes, inclusive, que a filiação do presidente [Bolsonaro]”.

O partido tem, hoje, cinco senadores. Além de Flávio, cumprem mandato o líder Carlos Portinho (RJ), Romário (RJ), Wellington Fagundes (MT) e Jorginho Mello (SC). Foi deste último, inclusive, o convite para que o “sobrinho” de Bolsonaro se filiasse ao PL, o que foi concretizado em 17 de julho com a intenção de disputar uma cadeira de deputado federal pelo Distrito Federal nas eleições de 2022.

Desde que foi nomeado, Leo Índio usou pouco as redes sociais para mostrar a rotina de trabalho. Em 25 de novembro, publicou foto de uma reunião com o ministro do Turismo, Gilson Machado. O assunto, segundo ele, foi alfabetização bilíngue e seus efeitos no desenvolvimento do turismo no Brasil.

Nesta segunda-feira (6), publicou um vídeo curto em que mostra parte da mesa que usa no gabinete do PL. Nas imagens, há uma caneca com estampa do medicamento cloroquina, considerado ineficaz para o tratamento da Covid-19, mas amplamente defendido pelo presidente da República e seus apoiadores ao longo da pandemia.

Esta não é a primeira vez que Leo Índio ocupa um cargo público no Senado. Em abril de 2019, foi nomeado no gabinete do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), na época vice-líder do governo no Senado flagrado com dinheiro na cueca em operação da Polícia Federal. Ele ficou no gabinete até outubro de 2020, mas com salário bem maior de R$ 22.943,73.

Entre novembro do ano passado e março de 2021, ele ainda passou pela Primeira Secretaria do Senado com a mesma remuneração superior a R$ 22 mil.

Leo Índio não é o único integrante do clã Bolsonaro a ocupar cargo comissionado no Congresso Nacional. A ex-mulher do presidente, Ana Cristina Siqueira Valle, mãe de Jair Renan Bolsonaro, o filho 04, foi nomeada no gabinete da deputada federal Celina Leão (PP-DF) em março deste ano. Desde então, tem salário mensal bruto de R$ 8.116,08.

O TEMPO agora está em Brasília. Acesse a capa especial da capital federal para acompanhar o noticiário dos Três Poderes.