O general Augusto Heleno, que foi ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro, afirmou desconhecer a minuta de golpe de Estado que teria sido entregue ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Nunca nem ouvi falar", disse nesta terça-feira (26) durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de 8 de janeiro.
No momento, Heleno foi questionado pela relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), sobre o documento com teor de golpe encontrado na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.
A minuta também teria sido entregue a Bolsonaro por Filipe Martins, então assessor especial para assuntos internacionais da Presidência. A informação faz parte da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro, segundo o portal "Uol" e o jornal "O Globo".
"O [ex-]presidente da República disse várias vezes, na minha presença, que ele jogaria dentro das quatro linhas. E eu não tive intenção, em nenhum momento, de fazê-lo sair das quatro linhas. Não era a minha missão convencê-lo a sair das quatro linhas. Pelo contrário, era um Gabinete de Segurança Institucional, ou seja, para manter a segurança institucional do Brasil", declarou.
"Não houve golpe. Para caracterizar uma tentativa de golpe num país de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, com mais de 200 milhões de habitantes, é preciso uma estrutura muito bem montada, é preciso haver uma direção, uma cabeça muito preparada para conseguir fazer um golpe, em plena era da comunicação, em plena era da tecnologia, que dê certo, com meia dúzia de curiosos que faziam umas besteiras", acrescentou.
A defesa de Heleno chegou a pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o militar não fosse obrigado a comparecer ao depoimento na CPMI, mas a solicitação foi negada pelo ministro Cristiano Zanin. O magistrado, no entanto, garantiu a Heleno o direito de ficar em silêncio quando for questionado sobre algo que possa terminar em autoincriminação.