CASO MARIELLE FRANCO

PSOL teme derrota em votação que pode revogar prisão de Chiquinho Brazão

Deputados apontam que há ‘movimento’ para esvaziar a sessão e dificultar aprovação do parecer

Por Levy Guimarães
Publicado em 10 de abril de 2024 | 17:14
 
 
 
normal

Deputados do PSOL se dizem preocupados com a votação, no plenário da Câmara, nesta quarta-feira (10), do parecer que pede a manutenção da prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (RJ), apontado como um dos mandantes do assassinado da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).

Mais cedo, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou, por 39 votos a 25, o relatório do deputado Darci de Matos (PSD-RS) que defende a permanência de Brazão na cadeia. A palavra final será do plenário, e psolistas admitem que ainda não há garantias de uma nova vitória.

Segundo a líder do partido na Câmara, a deputada Erika Hilton (SP), será um dia de "negociação". Ela afirmou que o tema foi tratado com "muita superficialidade" na reunião de líderes de terça-feira (9) e vai conversar com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), sobre o ambiente entre os pares.

"Nós estamos preocupados, sim. Sabemos que o placar será apertado, mas temos a certeza que a Justiça vencerá. [...] Será um constrangimento, um papelão e uma vergonha nacional se o plenário da Câmara votar pela liberação da prisão", declarou.

No plenário, são necessários no mínimo 257 votos para manter a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que prendeu preventivamente o parlamentar. Deputados da oposição, de centro e até alguns da base governista veem a votação como uma oportunidade de enviar um “recado” ao magistrado, por discordarem de decisões dele em outros inquéritos e as considerarem abusivas.

Para a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS), há um movimento para incentivar que mais parlamentares se ausentem da votação ou votem “abstenção”, com o fim de dificultar o alcance do placar mínimo para a aprovação do texto.

“Existe esse movimento desde quando se pediu vista [na CCJ], há duas semanas atrás, para esfriar a repercussão de imprensa. E desde ontem, esse movimento de ‘não votem’, porque para manter o relatório, precisamos de 257 votos no plenário”, afirmou.

Por outro lado, o líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE), mostrou otimismo. Para ele, o plenário deve confirmar a prisão de Chiquinho Brazão.

“Nós fizemos uma avaliação de 36 votos [na CCJ], foram 39. E a tendência é o plenário manter a maioria que nós tivemos na CCJ. Penso que foi um grande passo para a gente frear e combater o crime organizado no Brasil. [...] E agora vamos continuar a mesma luta no plenário, dialogando, conversando, sem xingar ninguém”, afirmou.

Chiquinho Brazão foi preso em 24 de março junto ao irmão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE) Domingos Brazão. Os dois são apontados pela Polícia Federal (PF) como mandantes do crime, em 2018. Na ocasião, também foi morto o motorista dela, Anderson Gomes. Foi preso, ainda, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa. 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!