O deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos) afirmou em entrevista ao Café com Política, da FM O Tempo, que a Bancada Evangélica da Câmara dos Deputados precisa ter “sabedoria” e “manter o diálogo” com o Governo Federal. O ex-prefeito do Rio de Janeiro e apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ainda disse que apesar das “controvérsias”, a gestão do presidente Lula (PT) “tenta falar com os evangélicos”.
“Para o apoio do PT, existem grupos LGBT, que são contra a família tradicional e os grupos feministas que defendem o aborto, e a igreja católica e evangélica defendem a preservação da vida e da família. Mas, há vários padres que são do PT e nenhum deles defende a quebra da família tradicional ou o aborto, mas defendem a distribuição da renda, diminuir a diferença dos ganhos do capital e do trabalho. Está na hora de nós, sobretudo evangélicos, termos a sabedoria de manter o diálogo. O Brasil não ganha com animosidade e disposição para guerra. O governo tenta falar com os evangélicos, e eu tenho a impressão de que o tempo vai ajudar para que a gente encontre pacificamente a solução das nossas controvérsias”, afirmou o deputado.
Crivella mencionou, ainda, que “defende a democracia”, mas que avalia as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) como “ácidas” e “exageradas”. Ao comentar sobre as prisões do dia 8 de janeiro, o deputado disse que as sentenças de 18 a 20 anos são “acima da medida”, mas atribuiu parte da culpa dos crimes cometidos na Praça dos Três poderes ao ex-presidente Bolsonaro:
“Várias pessoas ali não participaram da destruição e hoje estão com tornozeleiras tendo que pagar advogado. Acho que esse erro vem também do governo Bolsonaro, que radicalizou sua atuação política. Agora é hora de pedir a Deus que possamos encontrar o caminho do equilíbrio”.
Crivella, que também é pastor evangélico, ainda comentou sobre a recente decisão da Receita Federal de suspender um ato do governo Jair Bolsonaro, que havia ampliado a isenção de impostos a pastores e igrejas. Em julho de 2022, o governo havia permitido que igrejas e instituições religiosas não precisavam mais pagar contribuições previdenciárias sobre os valores pagos a pastores e líderes religiosos. Isso incluía a remuneração direta, chamada de prebenda.
No entanto, essa decisão gerou controvérsia, pois auditores da Receita Federal entenderam que esses valores deveriam ser tributados para a previdência social. Após críticas e debates sobre o assunto, essa decisão foi revogada. Agora, as igrejas e instituições religiosas devem pagar as contribuições previdenciárias sobre os valores pagos aos pastores e líderes religiosos, como era feito anteriormente.
“Explicamos que pastores são casados, têm famílias, pagam aluguel, plano de saúde, não podem ter uma vida equiparada a um padre, que mora na igreja e tem a vida custeada pela igreja. E a questão é que nenhum dos dois tem carteira assinada, nenhum dos dois está protegido pela Justiça do Trabalho. Tanto pastores quanto padres pagam impostos como qualquer cidadão, sobre produtos e sobre renda”, explicou o deputado, que luta para a volta da isenção fiscal dos salários diretos dos pastores.