Assembleia

Direita e esquerda discutem na primeira reunião

Eleição do comando das comissões de Direitos Humanos e de Educação é marcada por embate ideológico

Por Fransciny Alves
Publicado em 21 de fevereiro de 2019 | 03:00
 
 
 
normal

Com deputados do PT de um lado e do PSL do outro, o clima ficou quente e o debate acalorado nas comissões de Direitos Humanos e de Educação da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). E esse clima de embate deve permanecer durante toda a legislatura nesses colegiados por conta de defesa de pautas antagônicas. 

Por ser o membro mais idoso da Comissão de Direitos Humanos, Coronel Sandro (PSL) presidiu a sessão para escolha de quem iria ocupar a presidência do grupo. Contudo, um acordo entre os blocos da Casa já tinha definido que a deputada Leninha (PT) ficaria no comando do colegiado e que outras duas vagas seriam de parlamentares de esquerda. Por conta disso, o auditório estava formado por apoiadores do mandato delas.

E, diferentemente do que costuma ocorrer, Coronel Sandro fez um discurso longo antes de empossar a deputada como presidente. Ele disse que a comissão era conhecida historicamente por defender bandidos, mas que a partir de agora não seria assim. Ele também saiu em defesa do presidente Jair Bolsonaro (PSL). O público presente reagiu às falas, e ocorreram discussões com o deputado. De acordo com ele, como presidente daquela sessão era ele quem determinava a pauta. 

Ainda segundo o deputado, um novo Parlamento se instalou. “Anteriormente a esquerda, principalmente com o PT e o PSOL, estava acostumada a manejar essas duas comissões sem nenhuma contraposição às suas ideias. Nós, que somos do PSL, defendemos pautas que vão de forma contrária ao que a esquerda defende. É natural que se tenham esses debates acalorados”, afirmou.

O deputado Bruno Engler (PSL) também fez discurso que foi criticado pela plateia.  "O que o meu eleitorado pode esperar é um posicionamento firme em defesa dos direitos humanos dos humanos direitos, do policial, das vítimas, daquelas pessoas que muitas vezes não são contempladas por uma pasta que se preocupa mais com os bandidos”, falou à reportagem. 

A presidente da Comissão de Direitos Humanos, Leninha (PT), declarou que assume o posto com disposição de ouvir: “Apesar de termos ideologias completamente diferentes, creio que eles devem ter sinergia conosco em algumas pautas. Queremos tratar aqui de pessoas, comunidades, territórios que têm seus direitos violados. Queremos criar um clima de respeito e cordialidade, e que eles tragam as pautas que eles acham que têm que trazer e nós as nossas”. Ela lembrou ainda que a esquerda possui maioria no colegiado, com três dos cinco membros.

A discussão entre os presentes e os parlamentares de direita se estendeu até a Comissão de Educação, em que Beatriz Cerqueira (PT) foi eleita presidente. Vice-presidente do colegiado e membro da pasta de Direitos Humanos, Betão (PT) disse que pretende fazer uma discussão que sempre fez sobre os direitos das pessoas e dos trabalhadores. “Não vim pra cá para discutir as falas de pautas morais, mas sim como melhorar a educação do país”, disse. 

Sobre ter dito que teria “mão pesada” em sua atuação na pasta, o petista afirmou que foi um contraponto a uma fala de Coronel Sandro. “O deputado citou que vai ter mão pesada aqui em determinadas questões e eu disse que se for atacar os profissionais de educação vai ter a minha mão pesada também nesse plenário”, explicou.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!