A disputa pela prefeitura de Uberaba, no Triângulo Mineiro, pode ser marcada por uma fragmentação e polarização dentro da própria base de apoio do prefeito Paulo Piau (MDB). O gestor, que em 2020 encerra seu segundo mandato à frente da cidade, ainda não declarou apoio oficial a nenhum dos nomes colocados e, enquanto isso, vem observando as demais siglas aliadas lançando suas próprias pré-candidaturas ou apoiando nomes já colocados.
A indefinição é tamanha que nem o próprio MDB ainda bateu o martelo sobre ter ou não pré-candidato, embora haja especulações de que a sigla deva lançar um nome à disputa majoritária. No cenário político da cidade, entre os candidatos que aguardam por um posicionamento do gestor, estão o deputado estadual Heli Grilo (PSL), e o ex-deputado estadual Tony Carlos (PTB).
A pré-candidatura de Grilo, que deve ser lançada oficialmente nesta-sexta-feira (7), já conta com uma ampla base de apoio, incluindo o DEM e o PSD, que estiveram na coligação de Piau em 2016, além do Progressistas e do Podemos. “Estamos com uma estrutura partidária muito boa, com a possibilidade de chegar a outros partidos e estamos aguardando a decisão deles mesmos”, disse o deputado.
Entre essas siglas cuja definição é aguardada está o MDB. “A gente espera contar com o apoio deles, mas é o partido que tem que tomar essa decisão”, diz o deputado, informando que, embora haja especulações, os emedebistas dificilmente teriam forças caso se lançassem à disputa. É por esse motivo, inclusive, que ele não acredita que base se fragmentará. “Não prepararam candidato para fazer frente (à disputa). O MDB é um partido fantástico, o prefeito tem feito uma grande administração, mas não houve formação para isso”, avaliou.
Na outra ponta está o ex-deputado estadual e ex-vereador de Uberaba Tony Carlos (PTB), que deixou o ninho emedebista em março, após receber a sinalização de Piau que não teria apoio para sua pré-candidatura. Na época, havia a expectativa de que Paulo Piau apoiasse o nome de Luiz Guaritá Neto, presidente da concessionária municipal de água. No entanto, Guaritá desistiu da disputa e atualmente apoia Heli Grilo.
O PTB, inclusive, também integrou a coligação de Piau em 2016. “Política é a arte da conversa, da negociação e da composição. Ninguém ganha sozinho. Particularmente, gostaria de ter o apoio do prefeito, mas ele ainda não decidiu de que lado vai ficar”, explica Tony Carlos, destacando que a indefinição no cenário atual é consequência de uma ausência de decisão por parte do gestor.
“O grande problema é que lá atrás, se o prefeito tivesse apontado um caminho, e dito, ‘vamos com fulano’, teria sido mais fácil. Mas ele deixou que cada um construísse sua candidatura e agora chegou no ponto em que a pergunta é: de que lado vai estar o atual prefeito de Uberaba?”, analisou o pré-candidato, informando que somente a partir da definição do gestor é que se terá um cenário de quem integrará a oposição. “Agora estamos todos na mesma mesa”, resumiu.
Procurados por O TEMPO, o prefeito Paulo Piau e o presidente estadual do MDB em Minas, o deputado federal Newton Cardoso Jr, não responderam até a publicação desta matéria.
Oposição se articula na cidade
Enquanto ainda há indefinição na base de governo, a oposição na cidade vem se articulando para tentar conquistar a prefeitura. Partidos como o Solidariedade, o Patriota, além do PSC, do Cidadania e do Avante apostam em nomes próprios para a disputa.
“O momento exige um processo de transformação em Uberaba. A cidade é administrada por um grupo há 30 anos e, como toda cidade do interior, as pessoas são muito conservadoras e tradicionalistas”, disse Kaká Carneiro, vereador da cidade e pré-candidato pelo Cidadania. Segundo ele, a cidade precisa de uma “transformação”.
O pré-candidato disse que vai trabalhar seu nome por cerca de 40 dias e depois intensificar as articulações junto aos demais partidos de oposição. “Vamos dialogar. O PSDB e o PDT também estão nessa situação (de candidaturas de oposição)”, disse.
No entanto, oficialmente os tucanos são aliados da gestão e lançaram pré-candidatura própria. Os pedetistas, inclusive, já fecharam aliança com o PSDB, segundo a pastora Regiane Isidoro, nome escolhido para representar os tucanos na disputa. Sobre sua campanha, ela destaca que vai apostar no diálogo, sem fechar a porta para outras siglas. “Nós estamos conversando com vários partidos. Estamos com portas abertas, com diálogo e (abertos a) composição com todos os partidos”