Doorgal Andrada

O desafio da transformação digital

Melhorar a experiência do cliente, e não a tecnologia em si


Publicado em 28 de maio de 2021 | 03:00
 
 
 
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A tecnologia vem, de maneira crescente, intermediando as relações humanas em seus mais diversos aspectos. Ela está presente nas interações sociais, nos estudos, no entretenimento ou no consumo. Este último, conforme abordado em artigo publicado neste jornal há duas semanas, está gerando um crescimento exponencial das vendas pela internet. É um movimento que já vinha em curso, mas foi acelerado com as restrições impostas pela pandemia, trazendo oportunidades e obstáculos para empreendedores e empresas, independente do porte do negócio.

Um dos maiores desafios para o mundo corporativo no momento, diante da presença crescente da tecnologia na sociedade, é a chamada transformação digital. Trata-se de uma mudança muito mais profunda do que a mera adoção de novas tecnologias ou a digitalização de documentos e processos na empresa. Aliás, a diferenciação entre esta, a digitização e a transformação digital é uma constante nos textos e debates sobre o assunto.

Pode-se dizer, grosso modo, que a digitalização é a passagem de documentos, processos e procedimentos de um meio analógico para um meio digital. A digitização, por sua vez, já é uma revisão completa do funcionamento da empresa, com adoção de tecnologias e eliminação de processos e sistemas obsoletos.

A transformação vai além. Ela se serve de todas essas mudanças para mergulhar de cabeça na era digital, com foco quase total em melhorar a experiência do cliente, não na tecnologia em si. Uma pesquisa da norte-americana Altimeter mostra que 55% dos gestores da transformação digital apontam a evolução dos comportamentos e preferências dos consumidores como o grande impulsionador do processo de mudança. Os outros pilares seriam a melhoria da eficiência dos processos internos, o aumento da inovação tecnológica e a geração de valor e de competitividade para a empresa.

Um exemplo? A Netflix era um serviço de envio de fitas VHS e DVDs para assinantes. A digitalização/digitização seria responsável por automatizar ao máximo esse serviço, enquanto a transformação digital a reposicionou como uma plataforma de streaming com um modelo totalmente novo de acesso e programação, produção de conteúdo próprio, presença global e um faturamento inimaginável no modelo anterior.

Esse movimento é “democrático”. e engana-se quem pensa que ele afeta apenas os grandes empreendimentos. Quanto mais exposto à relação direta de consumo, mais um negócio deverá operar digitalmente.

Um salão de beleza, por exemplo, pode começar por oferecer agendamento online, mas pode, também, tornar a recepção e encaminhamento mais ágeis, melhorar a gestão de materiais para que tenha o produto necessário para determinado atendimento, assegurar que o profissional escolhido esteja disponível e coletar dados de todo o atendimento para oferecer uma experiência cada vez mais personalizada. Ainda, deve ter visibilidade na internet, com site e redes sociais, e ter flexibilidade para absorver as demandas que estejam fora do padrão.

Outra pesquisa, da Coleman Parkes Research, mostra que a transformação digital gera um crescimento médio de 37% na receita com novos negócios. Isso vale para empreendimentos de portes e setores diversos. Pelo ritmo com que soluções tecnológicas ocupam espaço nas relações humanas, pode-se calcular que até mesmo profissionais liberais e autônomos serão levados a aderir à transformação digital.

Então, se você tem um negócio ou pretende empreender, é preciso começar a pensar, estudar e se questionar: como a tecnologia pode ajudar o negócio a se tornar mais ágil, eficiente e melhorar o relacionamento com o cliente? A transformação era o passe para o futuro, e o futuro chegou!

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