Vivemos em um mundo de rotinas estressantes, de exigências crescentes de performance pessoal nas mais diversas áreas e, ao mesmo tempo, imersos em um conjunto de estímulos, informações e tentações que, na maioria das vezes, nos distanciam daquilo que realmente importa. Diante de um ritmo de vida frenético e do esgotamento das pessoas, crescem também as correntes que pregam a desaceleração, o arrefecimento e uma visão mais leve do mundo e de suas exigências.
Seja pelo caminho da guerra diária ou por dias mais suaves, todos sempre teremos, por característica natural do ser humano, objetivos e sonhos que desejamos realizar. Para isso, é imprescindível aplicarmos uma das mais importantes virtudes humanas, a disciplina – ou, mais especificamente, a autodisciplina, a capacidade que temos para impor regras, rigor e foco a nós mesmos.
É improvável que nessa vida se construa algo relevante sem um mínimo de disciplina. A palavra “construção” predispõe a prática repetida e constante em determinada progressão, de acordo com um projeto ou planejamento. Se deseja construir uma casa, terá que empilhar tijolos dia após dia.
Cada um compreende a extrema relevância dessa virtude em momentos diferentes da vida. No meu caso, o serviço militar no Exército e o esporte, além de me provarem aquilo que eu já desconfiava, apresentaram-me uma nova profundidade da importância da disciplina. Tanto o Exército quanto o esporte me condicionaram a acordar bem cedo, “antes do sol me pegar na cama”, como dizia meu bisavô.
Essa dedicação e disciplina, consolidadas aos 19 anos, me garantiram o foco e a disposição física e mental para mergulhar em novos desafios de maior relevância.
É o caso de, aos 22 anos, concluindo o curso de direito na fase de estágio e monografia, ter concorrido e sido eleito vereador na capital e, ainda, garantir o condicionamento físico para disputar o IronMan, uma das maiores provas de resistência do mundo com seus 3,8 km de natação, seguidos de 180 km de ciclismo e 42,2 km de corrida.
Dedicação, disciplina e foco foram fundamentais também para, aos 25 anos, enfrentar novo desafio nas urnas e ser eleito deputado estadual, percorrendo mais de 150 municípios mineiros, e depois, paralelamente aos compromissos do mandato, rigorosamente cumpridos, estabelecer uma rotina de treinos e alimentação para melhorar meus tempos e me classificar para o mundial de IronMan 70.3, em março deste ano. É a mesma disciplina necessária para estudar, ler livros, adquirir conhecimento e sempre buscar evoluir.
É equivocado, porém, pensar que esse comportamento equivale a levar a vida a ferro e fogo. Foco não significa deixar de lado compromissos pessoais como a convivência familiar. Foco é evitar a perda de tempo e energia com aquilo que não acrescenta. Sobre objetivos, mais vale se comprometer com voos menores e cumpri-los, passo a passo, do que se propor a um grande voo e nem sequer decolar. O ser humano é sempre tomado por sentimentos, emoções variadas e está sujeito a adversidades alheias à sua vontade, portanto sempre existirão obstáculos naturais. Um planejamento muito complexo acaba por acrescentar obstáculos desnecessários.
Outro equívoco é embarcar no discurso do sacrifício e superação, muito comum no mundo corporativo. É necessário respeitar os próprios limites, saber reduzir o ritmo e continuar se movimentando em direção às metas nos momentos mais difíceis.
Diz o ditado que cavalo arreado só passa uma vez. No entanto, bons cavalos passam a todo momento, e somos nós quem devemos estar preparados para montá-los.