Café com Política

'Essa conta que tem que ser paga por todos, não só pelos servidores', diz Patrus

Presidente da Assembleia diz que funcionalismo também é vítima do desequilíbrio financeiro e defende debate sobre benefícios fiscais

Por Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2020 | 09:54
 
 
 
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O presidente de Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) defendeu que, após a reforma da Previdência, o governo do Estado discuta outras medidas que possam equilibrar as contas públicas do Estado. Ele enfatizou que é possível discutir a política de benefícios fiscais em Minas para que a conta do desequilíbrio não fique apenas nas costas do servidor. Ele voltou a afirmar que não concorda que o servidor público seja demonizado na discussão da reforma da Previdência, em tramitação na Casa. A declaração foi dada em entrevista ao quadro Café com Política, no Super N Primeiras Notícias, da rádio Super 91,7 FM.

"O Estado do Rio de Janeiro, quando se adequou ao regime de recuperação fiscal e por isso teve os benefícios desse regime, fez uma grande reforma também na questão dos incentivos fiscais. Estudou cada um deles, propôs reduções, e isso rendeu ao Rio de Janeiro quase R$ 2 bilhões em aumento de arrecadação. Eu acho que isso também deve ser tratado. A hora que se tem uma dificuldade no governo do Estado de pagar as suas contas, nós temos que estudar aqueles setores que conseguem uma redução do incentivo sem que haja desemprego, sem que haja a desmobilização ou o fim das ativades de determinado setor, porque também não adianta reduzir os impostos e as empresas migrarem para outros Estados ou fecharem suas portas. São temas que são importantes ser discutidos e os parlementares que colocam essas questões têm razão. Essa é uma conta que tem que ser paga por todos, não só pelos servidores públicos, mas por todos aqueles que, infelimente, vivem em Minas Gerais e que têm no seu governo um déficit previdenciário grande", disse, enfatizando, porém, que essas discussões devem ser tratadas fora do projeto da reforma.

Ele voltou a defender o lado dos servidores que contribuíram por anos e não podem ser penalizados.

"A culpa não é do servidor. Não foi ele que geriu o fundo. Não foi o servidor que esteve à frente desses recursos e cuidou mal dos recursos.  Nós sabemos que se soma a isso também a questão do aumento da idade, da diminuição do número de servidores concursados pelo número de aposentados. Se nós olharmos o Estado nos últimos anos houve um decréscimo do número de concursos. Chegamos a ter 2,7 servidores por aposentado. Hoje, nós temos um por um. Ou seja, como pagar a Previdência quando você tinha um sistema em que três contribuíam para um se aposentar e hoje um contribui para um se aposentar?", questionou.

"A hora em que se começa a tratar de uma reforma da Previdência e essa reforma afeta o dia a dia das pessoas, nós não podemos deixar sombra nenhuma de dúvida de que os culpados não são os servidores. Afinal de contas, a culpa é daquela auxiliar de enfermagem que está la no pronto socorro atendendo as pessoas que sofream um acidente? Não é culpa dela. Ela contribuiu durante 28 anos, 27 anos, 25 anos, passou num concurso, as regras estavam definidas. Então, a gente não pode querer demonizar o servidor púlico para justificar uma reforma. O servidor púlico é também uma vítima de todas essas questões que eu coloqei aqui. Afinal de contas, se esperava, depois de se contribuir depois desses anos todos que o recurso estivesse disponível para bancar as aposentadorias e, infelizmente isso não acontece", afirmou.

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