Sem dinheiro para investimentos, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), lançou ontem o Catálogo de Obras para mostrar para os deputados federais e estaduais quais projetos são considerados prioritários para governo. O chefe do Executivo, agora, espera que os parlamentares direcionem verbas de emendas para a gestão conseguir começar ou dar continuidade aos projetos, que, somados, chegam à cifra de R$ 744 milhões. Foram apresentadas 65 propostas aos parlamentares. De acordo com o documento, as intervenções previstas estão em todas as regiões do Estado.
“O Estado não tem condições financeiras para terminar esses empreendimentos que já começaram. São esqueletos que consumiram algum dinheiro público e que precisam ser finalizados. Dentro do pacote, existem melhorias em rodovias, construção de escolas e unidades habitacionais, apenas citando alguns exemplos. Infelizmente, o caixa não nos permite a conclusão”, afirmou Zema.
A área com maior intervenção prevista é a viária. São 36 obras com estimativa de custo de R$ 500 milhões para a construção de pontes, complexo viário ou pavimentação, por exemplo (clique aqui e acesse a lista de obras).
O Estado prevê ainda obras nas áreas de saúde, educação, segurança pública e infraestrutura urbana. Na educação, o governo quer construir duas escolas, que estão, hoje, em imóveis alugados na capital mineira (José Heilbuth Gonçalves e Alberto Delpino).
Para a saúde, uma das propostas é reformar o Hospital João XXIII, um dos principais de Minas Gerais, que também fica na capital.
Já na segurança, o governo quer dinheiro para dez obras. Destas, cinco para a construção de presídios em Uberlândia, Machado, Pará de Minas, Lavras e Pirapora.
Para tentar convencer deputados, Zema afirmou que o Executivo tem boa relação com os representantes dos Legislativos (federal e estadual). “Sabemos que o Legislativo é de fundamental importância para a recuperação financeira do Estado. Somente com a união de esforços vamos resgatar Minas Gerais. Conto com a ajuda de vocês”, afirmou ao direcionar o discurso para deputados que estavam no evento na Cidade Administrativa. Desde o começo do governo, Zema enfrenta atritos, principalmente na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
O secretário de Infraestrutura e Mobilidade, Marco Aurélio Barcelos, também disse que o governo precisa de auxílio do Legislativo. Ele afirmou ainda que outros catálogos de obras serão apresentados até o fim do mandato, em dezembro de 2022.
“Nosso sonho seria terminar essas obras ao fim da gestão. Mas o fato é que a demanda de recursos para essas obras está fora do nosso horizonte. O que temos em vista? Vamos continuar a interlocução com o Parlamento. Essa foi a primeira edição do catálogo. Outros virão”, disse Barcelos, afirmando que o governo utilizou dois critérios para a escolha: obras com taxa de execução avançada e que tivessem patamares equivalentes a valores que deputados têm a título de emendas.
Iniciativa recebe elogios até de deputado da oposição
Deputados ouvidos pela reportagem elogiaram a apresentação do programa Catálogo de Obras, apresentado ontem na Cidade Administrativa.
Arlen Santiago (PTB) disse que vai se reunir com a bancada do Norte de Minas para tentar direcionar emendas para as obras selecionadas pelo governo. Para ele, o Executivo acertou em apresentar as intervenções que são necessárias e mais urgentes para o Estado. “É união de forças para tirar Minas da crise. Todos os deputados precisam entender que o (Fernando) Pimentel não cumpriu as promessas na gestão dele. Por exemplo, disse que construiria escolas, e não fez. Então, mostrar quais obras são necessárias é um acerto do governo”, afirmou.
O programa foi elogiado até mesmo pela oposição. André Quintão (PT) disse que a medida foi positiva, mas que o governo precisa saber que existem outras demandas que os deputados devem cumprir junto aos municípios. “São demandas menores, mas fundamentais para a população, como assistência farmacêutica, custeio na saúde, aquisição de maquinário, um veículo para assistente social, conselho tutelar. Muitas vezes as emendas auxiliam em ações que o próprio governo não realiza. É importante analisar, mas o governo não pode depender dos recursos dos parlamentares”, disse.
Quintão disse também que dificilmente o governo conseguirá verba para as 65 propostas apresentadas no primeiro volume do programa. “No caso dos deputados estaduais, o valor limitado das emendas dificulta os deputados em obras mais estruturadas. Às vezes para os federais será mais possível”, disse.