O ex-secretário de Saúde de Minas Gerais, Carlos Eduardo Amaral, foi vacinado dias antes dos profissionais de saúde da linha de frente da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) que atuam em Belo Horizonte. A informação foi dada pela superintendente regional de Saúde da capital, Débora Tavares, em audiência da CPI dos Fura-Filas realizada na manhã desta quarta-feira (7) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Os parlamentares têm a informação que Carlos Eduardo Amaral foi vacinado no dia 19 de fevereiro. De acordo com Débora Tavares, a SES elaborou um memorando em que os servidores da superintendência regional de Belo Horizonte foram divididos em oito grupos prioritários, de acordo com o grau de exposição ao vírus e a importância para a continuidade dos serviços de saúde.
Nos dias 22 e 23 de fevereiro, ou seja, dias depois do ex-secretário, foram vacinados os três primeiros grupos: servidores da Rede de Frio, da central de regulação assistencial e da Farmácia de Minas.
“Na primeira fase nós fizemos a vacinação do primeiro item da ordem de priorização, do segundo item e do terceiro item. Eu não estava em nenhum dos três”, disse Débora Tavares.
Após essa primeira fase, em que foram vacinados 247 servidores, o equivalente a 54% da superintendência regional, a imunização foi interrompida diante das denúncias e de investigações sobre o processo de imunização. Servidores do quarto grupo prioritário, como os do almoxarifado e da vigilância em saúde, que realizam trabalho de campo, não foram vacinados.
A informação de que Carlos Eduardo Amaral se vacinou antes dos profissionais da linha de frente não foi bem recebida. “Furar-fila é exatamente isso: quando você tem uma gradação e alguém vem e entra antes. Isso que significa fura-fila. É exatamente esse o contexto que está sendo investigado nesta CPI”, disse o presidente da comissão, João Vítor Xavier (Cidadania).
“Nós não estamos discutindo que o secretário tinha direito ou que muitos da equipe dele tinham direito [à vacinação]. Todos nós temos. Nós estamos querendo entender se quando eles tomaram a vacina, estava no tempo certo. E me surpreende muito saber que a correlata dele [secretário] na cidade de Belo Horizonte, que é a capital do Estado, não foi vacinada até hoje”, acrescentou João Vítor Xavier, destacando que no nível central da SES foram vacinados servidores menos expostos a riscos do que os servidores da Superintendência.
Questionada sobre essa diferença na vacinação quando se compara o nível central da SES com a Superintendência Regional de Belo Horizonte, ou seja, se houve de fato fura-fila na visão dela, Débora Tavares não se posicionou sobre a divergência e argumentou que poderia falar apenas sobre a superintendência pela qual é responsável.