Eleições

Federação entre PT e PSB tem palanques locais como entraves

Socialistas querem encabeçar chapas em pelo menos sete Estados, o que petistas rechaçam. Nova reunião será realizada hoje e pode definir se siglas vão caminhar juntas

Por Gabriel Ferreira Borges
Publicado em 20 de janeiro de 2022 | 05:00
 
 
 
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Para formar uma federação partidária para as eleições deste ano, PT e PSB precisam acertar os cabeças e chapas nos palanques regionais. Os socialistas pediram aos petistas para liderarem os palanques em sete Estados – São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Pernambuco e Maranhão, condição que o PT não aceita.

As tratativas ganham um novo capítulonesta quinta-feira (20), quando o presidente do PSB, Carlos Siqueira, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, retomam as negociações.

Segundo petistas mineiros que preferiram contar os bastidores sem se identificarem, o quadro mais complexo é São Paulo. Lá, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e o ex-governador Márcio França (PSB) são pré-candidatos ao Palácio Bandeirantes. Ambos têm uma relação cordial e são entusiastas da chapa Lula-Geraldo Alckmin à Presidência. 

Entretanto, tanto Haddad quanto França têm argumentos para encabeçar a chapa de uma eventual federação ao governo de São Paulo.

Até aqui, Haddad lidera as pesquisas eleitorais, o que é apontado por petistas para justificar a candidatura do ex-prefeito de São Paulo. Já França quer retornar à cadeira que ocupou entre abril e dezembro de 2018 após a renúncia de Alckmin para concorrer à Presidência da República ainda pelo PSDB. Candidato em 2018, França foi ao segundo turno, mas perdeu para o hoje governador João Doria (PSDB). 

Já Pernambuco é o principal reduto do PSB. Os próprios petistas reconhecem o protagonismo dos socialistas devido aos legados de Miguel Arraes (1916-2005) e Eduardo Campos (1965-2014). No entanto, o PSB carece de um candidato natural à sucessão do governador Paulo Câmara (PSB), que encerra o segundo mandato. O ex-prefeito de Recife Geraldo Júlio e o deputado federal Danilo Cabral aparecem como possibilidades, mas sem entusiasmar os socialistas.

O PT lançou o senador Humberto Costa como pré-candidato ao governo de Pernambuco. A jogada é vista como moeda de troca, já que a pré-candidatura natural seria a da deputada federal Marília Arraes. O movimento não foi bem visto. Até mesmo lideranças do PT avaliam que não se deve correr o risco de perder um aliado porque ele não quer abrir mão do próprio reduto. 

No Espírito Santo, a cabeça de chapa de uma federação seria entre o governador Renato Casagrande (PSB) e o senador Fabiano Contarato (PT). A saída do último da Rede para se filiar ao PT em dezembro passado teria como um dos motivos justamente a candidatura ao Palácio Anchieta. Socialistas defendem a candidatura à reeleição de Casagrande. Além disso, Contarato ainda tem quatro anos de mandato. 

No Rio Grande do Sul, o ex-deputado federal Beto Albuquerque (PSB) foi uma das lideranças a se manifestarem contrárias à federação partidária com o PT. Albuquerque é pré-candidato ao Palácio Piratini. Do lado do PT, o deputado estadual Edegar Pretto lançou sua pré-candidatura. 

Os socialistas entendem que, por terem uma candidatura majoritária, devem defendê-la e refutam a federação. Já os petistas gaúchos argumentam que Albuquerque não seria viável eleitoralmente, ou seja, uma candidatura ao Senado seria mais competitiva. 

Siglas com acordos próximos

No Rio de Janeiro, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) é o pré-candidato natural em razão do recall nas disputas municipais ainda pelo PSOL. Freixo ainda goza da simpatia do ex-presidente Lula, que já teria lhe garantido o apoio. 

No Maranhão, o governador Flávio Dino (PSB) também tem o apoio do ex-presidente. No entanto, Dino não pode concorrer, e há uma disputa entre o vice-governador Carlos Brandão Jr. (PSDB) e o senador Weverton Rocha (PDT), que querem ser candidatos. Os dois são de siglas diferentes, mas a palavra final na escolha deve ser de Dino, com a anuência de PT e PSB. 

Já o Distrito Federal é uma incógnita por falta de pré-candidaturas competitivas. O ex-secretário de Educação do Distrito Federal Rafael Parente deve se filiar ao PSB para tentar impedir o governador Ibaneis Rocha (MDB) de renovar o mandato. Rafael, filho do ex-presidente da Petrobras Pedro Parente, é o mais provável para encabeçar a chapa da federação, já que o PT não tem nomes competitivos.

Filiação de Alckmin em 2º plano

A tratativa para a filiação do ex-tucano Geraldo Alckmin ao PSB para ser o candidato a vice-presidente da chapa encabeçada por Lula é, por ora, secundária.

A prioridade de PT e PSB é costurar a federação partidária, tanto pela data-limite de 1º de março para o registro da federação quanto para a formação das chapas proporcionais nos Estados. 

Aliás, lideranças petistas defendem que as alianças majoritárias sejam debatidas em um segundo momento.

Os socialistas, de fato, utilizam a eventual filiação de Alckmin para exigir o apoio dos petistas às candidaturas majoritárias nos Estados. 

Por outro lado, há petistas que defendem que Alckmin se filie não ao PSB, mas a outros partidos para ser o vice. O objetivo seria estender a aliança em torno de candidatura de Lula.

Dentre as possibilidades, estão o PSD – que teria que abrir mão da pré-candidatura de Rodrigo Pacheco – e o Solidariedade.

O PV também tem interesse em filiar Alkimin, mas, como pode fazer parte da federação, não ampliaria a aliança.

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