Glenn Greenwald

Fundador do The Intercept Brasil ironiza deputados mineiros

O jornalista questionou se não havia pautas mais importantes para serem discutidas no plenário da Assembleia Legislativa

Por Sávio Gabriel
Publicado em 17 de julho de 2019 | 17:46
 
 
 
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Alvo de duras críticas de deputados estaduais mineiros na tarde desta quarta-feira (17), o jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, ironizou a postura dos legisladores. Em postagens no Twitter, Greenwald questionou se não havia nada mais importante para os parlamentares discutirem no plenário da Assembleia Legislativa (ALMG) e criticou o fato de alguns deles terem defendido a sua prisão.

Citando um trecho do discurso do deputado Coronel Sandro (PSL), que o acusou de ser “um militante político travestido de jornalista”, Greenwald afirmou, em tom irônico: “’Travestido – eles adoram falar sobre isso. Isso evidentemente dá a eles muito prazer”

Em outra postagem, dessa vez respondendo ao deputado Sargento Rodrigues (PSL), que defendeu a prisão do jornalista, o fundador do The Intercept Brasil disse que “uma das mais importantes visões políticas na agenda da extrema direita é fantasiar sobre prender jornalistas”. Para Greenwald, esse posicionamento “é uma maneira estranha de definir um movimento político”.

Depois, o jornalista voltou a usar as redes sociais para criticar os parlamentares mineiros e questionou se não há outras prioridades a serem discutidas. “Não há nada mais importante em Minas Gerais para esses deputados se concentrarem do que denunciar isso? Eles devem ter construído o nirvana naquele estado se gritar sobre isso é o mais importante para eles. Parabéns”, disse.

Entenda o caso

Às vésperas do início do recesso e com a pauta de votações trancada, a Assembleia Legislativa de Minas foi palco de um intenso debate na tarde desta quarta-feira (17). Deputados da bancada conservadora fizeram duras críticas ao voto de congratulação dado a Glenn Greenwald. Um requerimento foi apresentado em plenário para barrar a homenagem, que foi concedida pela Comissão de Direitos Humanos da ALMG na noite de terça-feira (16).

Os parlamentares criticaram a divulgação de supostas conversas entre o ex-juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e procuradores da Operação Lava Jato, indicando possíveis irregularidades na condução da operação. “É uma vergonha homenagear esse cidadão, que é um agitador. Uma pessoa que pega dados não periciados e que quer acabar com a lava-jato. O povo não está aí para ele. O povo está com Sérgio Moro, com a Lava Jato. Ele tenta difamar e diminuir a operação”, afirmou Bruno Engler (PSL).

Autor do requerimento que pretende impedir a homenagem, o deputado Bartô (Novo) explicou os motivos de apresentar o pedido. “A aprovação do voto de congratulação causou uma série de revoltas e o pessoal acaba entendendo, mesmo que seja o requerimento de dois deputados em uma comissão, que é da Casa como um todo”, disse, afirmando que a ALMG “cai em descrédito quando se entra em assuntos tão pontuais e polêmicos como esses”

Numa resposta à homenagem ao jornalista, os membros da comissão e Segurança Pública incluíram de última hora na pauta do colegiado um voto de repúdio ao Glenn Greenwald. Os parlamentares também aprovaram um voto de aplauso a Sérgio Moro.

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